sexta-feira, 26 de março de 2010

Sinfonia número dois, de Salvador Dalí.

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O que se vai, é o que deve ir.

Se não fica, deve.

Antes do final definitivo,

O final verdadeiro e fatal,

Sinto ser difícil, muito,

Abrir as mãos e deixar voarem

As lembranças para o chão.

Balançando suavemente, penas

Caindo levemente sobre a quentura

Do chão.

E matando o silêncio do agora.


E como se não houvesse hora,

Parto para cima de tudo

Moendo os caminhos do que me tenta

Brecar.

Cometo algum crime, um crime qualquer,

Um ato contraventor

Como uma corda amarrada ao ventilador

No teto de uma casa em Vila Isabel.

Pendurando um pardal bege.

Pálido sob o brilho da luz esbelta.


E as telas de Chopin me fazem arder

De pimenta em tudo, até sopa, na Bahia.

Café não, pois que não cede.

Nem tudo pede uma tragédia, pois há quem ceda

Ao violento estar de um feiticeiro no ápice da manhã.

Impaciente o beija, e ele quer o carinho.

E sentia o sol pressionando seu couro.

Seus pelos e tudo o que mais poderia querer

Naquele lúdico dia.

E era simplesmente tudo e nada, sem escolha.


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sexta-feira, 19 de março de 2010

O terrorista adotivo

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É de dentro da lama oblíqua que vemos

Vemos alguém emergir da espessa gosma

De uma teia tecida com cuidado e lógica,

Porém sem o sentimento que lhe falta o toque

Brincadeira de destino, ou coisa assim

Disse que acreditava que existia algo de ruim

Por trás de todo esse dá-tudo-errado que assombrava

Nossos dias de trás para frente, sem errar, sem errar a marcha

Foge! Corre! Some!

Basta um indício de sobriedade para que extraia

O pior de um terrorista

Este pior ainda quando dorme contigo

Seu pior inimigo, aquele que te conhece

No acalento, perigo, nas pequenas hesitações e vacilos

Não pode vacilar, é partir. Uma ação forte e verdadeira.

Uma força que vem nem sei de onde, mas existe. E age


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