sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

CAVIDADE OCA

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Eu não tenho coração
Sou um côncavo vazio desconexo
Meu corpo perambula pela noite, um refém
Das trevas, dos céus e estrelas filhas do sol
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Sim, positivo sou ser será que sou eu sim
Nutre o pequeno desejo, o mero querer
De me ver de dentro, exposto
Um outro eu, com a sua vontade e liberdade
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Já li quantos livros, eu já nem lembro mais
Dadas falas, e discursos sempre, quase sempre
Sobre o que se movimenta pela superfície da Terra
E, raro, sobre o que permeia toda a teia de vida que me encerra
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Eu abri o meu peito
Pesquiso soluções para pequenos problemas
Os meus atos são, agora, pensados no último instante
Se eu me comportar diferente, aceite, não é defeito


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quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Welcome aboard!


Vamos, não temos tempo para esgotar em ralo.
Neste mundo não há sobreviventes.
Corram, bebam suas caras.
Escrevam, até sangrar o branco da carta.

Pegue, simplesmente, um copo de água.
Erga sua mão para um cumprimento.
Faça tudo com todo, o inteiro.
Seja um estar mais que um bombeiro.

Depois sonhe com águas que invadem tudo,
Portas que se abrem no fundo do porão.
Não há tempo, porém, espere o sempre.
Neste mundo não há sobreviventes.

Sempre a convocação no papel
Do jeito que se desfaz fazendo.
Não sei porque escrevi estas linhas,
Apenas deixei o meu corpo agir.

Silêncio!!!!
(Tiros)
- Daqui, meus amigos, ninguém sai vivo! -
Falou alguém que não se identificou.

sábado, 24 de janeiro de 2009

do dom.

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Não me venha com essa de carpinteiro!
Jesus foi, foi um bom político.
Noé fez a arca.
Jesus fez o que?
A mesa da casa?


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sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Just Fuck

I will say this while you’re my friend
Don’t you ever girl, don’t ever fall in love with me
If you think you might wanna take my liberty

See, this just can’t work out fine
Maybe I can’t see everything right
But I’m still not blind to the point that I’d choose to give up my own life

Well, I’m not saying here that I’m more or less important than you
I just wanna be, allow me to flow towards life’s mysteries
I just want to see things clearly
And how lucky I am to know that I’m free

So don’t fall in love with me
If you expect love to be a smiling face after some great fuck!

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Ido.

Lembrei de uma conta que tinha no Yahoo e então, depois de muito tempo, abri o Yahoo Messenger. Logo apareceu aquele pop-up dizendo que eu tinha setenta e seis mensagens não lidas, fazendo um link para a devida página de mensagens. Cliquei. Tchã-nã! Schkabum! Pronto.
Uma mensagem enorme: Sua conta de e-mail não está mais ativa. Embaixo, em letras mais foscas: Saiba o que isso significa:.
A única explicação que me atraiu e dominou meu pensamento foi algo como:
Todas as mensagens guardadas, enviadas, recebidas, mandadas, arquivadas, etc. nesta conta de e-mail foram removidas e não poderão ser resgatadas. Tudo pro lixo. Sem volta. Sem reciclagem. Sem transformação ou julgamento. Todas as mensagens permanentemente apagadas. Forever gone. Todos os contatos ali naquela conta, que era tida como uma conta mais pro lado profissional, foram para o espaço. Não os contatos em si, mas os contatos virtuais.
A vontade foi de puxar o coro: "Yahoo, vai tomar no cú!"
Puxei. Depois de algumas repetições do mantra, veio do centro do meu corpo uma vontade maior de expandir a música para outras entidades. Emendei na marchinha:

"Yahoo, vai tomar no cú!
Mensagens, vão tomar no cú!
Recados, vão tomar no cú!
Contatos, vão tomar no cú!..."

E assim, segui com minha caixa tocando a marcha até a praia de Copacabana.
Até o pôr-do-sol.

domingo, 18 de janeiro de 2009

A Periódica.

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Que vá. Que há. Que ar!
Entre, ar! Ar que entra e ar que sai.
Sai, vá embora, viaje. Vá.
Sem paredes, hotel carrossel de papel
Chumbo, cimento e tinta.
Um mesclado.
Dois a dois, não mais não menos enamorados
Que os jovens. Os jovens! Jovem.
John Coltrane
Fazia tempo que não pescava por aqui.
Agora fica assim, meio morto, eu tô noutra
Quero gozar e comer casquinha de siri
Passar as férias, sim, em Paris. Não.
Não quero pedalar sem mar.
Passa logo, inverdade pérfida.
Como julgar pior o suor que água mineral.
Moléculas.


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sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

um rio.

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Um rio. Sim, um daqueles rios que não se vê o outro lado.
Um mar de rio. Discutem teorias, no entanto, estão apenas no corredor.
E pensam que pensam, mas pensam. Pensam muito. Em paz.
Trivialidades e coisas sem importância, coisas que afastam o espírito de grupo.
E pensar que se alguém pergunta alguma coisa, me vejo em um dilema...
Quase rio, mas não se vê o outro lado. Choro. Choro de alegria, pois o choro em mim não existe. O choro em alegria é sempre triste. O riso catastrófico enfia o dedo no olho são. São muitos os anseios, as almas se trepidam, se esbarram e não sabem, desconcertadas, dizer “oi”. E se dizem, é apenas isto. Início, meio e fim.
Não há hospitalidade, são brutos. Brutos os seios, brutas as pétalas, as brisas.
Rua! Avisam. Sem palavras, apenas instinto. O vôo que vem de dentro é errado, mas talvez visto de fora seja bonito. Eu tento, tento. Consigo. Posso não gostar, mas consigo.


.26/03/2007

domingo, 11 de janeiro de 2009

do chuveiro.

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Cai uma poça de álcool do copo
Deflagra a mesa errada
Joga-se uma cinza de um pincel branco:
Suicídio no cinzeiro

Levanto-me e vou ao banheiro

A fumaça discorre sobre o manto
A bolsa quieta no colo, no ventre
Encosta perto do sexo e cai uma dose
de pinga, esbarra, espia, vê, alivia, espera

Ainda estou lá

A televisão anuncia: oferta do mês.
Desvio o olhar, olhos escuros
Leio no rádio, escuto no muro,
Rio de besta que estou, gelatinado

Mais um pouco e você vai embora

Todo o pó estacionado
Um pós - bomba ou atentado
Chupa bala, bebe água
E sonhamos amanhã cedo

Pelo ralo do chuveiro


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quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Dona Soledad

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Hoje, madrugava, desci a rua voltando para casa e
reparei que na praia havia um visual maravilhoso.
O sol estava nascendo e a cor era uma mistura de
cinza com alaranjado rosa, vermelho claro,
e não sei mais o quê. Muito bonito. Awesome.

Estava andando em direção à paisagem
quando percebi, num clique de realidade,
que eu ia voltar para casa de metrô.
Meia-volta, tomei o caminho contrário.
Perdi a visão do nascente. Ganhei conforto.


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terça-feira, 6 de janeiro de 2009

da ovação.

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É ótimo poder estar aqui cantando

nesta noite bonita de poesia

A casa cheia, ou a platéia vazia, não importa

Vamos adentrar o desconhecido



Eu serei um índio que pula

E você?

Eu vejo uma menina que vira leão

Vejo macaco e tartaruga



Quem vai cair no chão?

Hein? Escutem a música.

É uma música bacana.

Vamos, uma salva de palmas para a banda!



Vamos, palmas para a banda!

Desnecessário levantar-se da cadeira

mas aplaudam essa porra, já que nem pagam o show

eu nem quero ouvir os aplausos



Soarão como gravações aceleradas

cortadas, que produzem um som bizarro

uma linguagem de seres extraterrestres

trazendo um som avant-garde


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segunda-feira, 5 de janeiro de 2009



São meus olhos míopes.

domingo, 4 de janeiro de 2009

pastel

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que o vento na tarde de sol manso empurrava gentil o resto de dia que ainda existia
que o sol em marte seja manso assim enquanto de resto não importa pois não conheço
que aqueles carrinhos espaciais sejam importantes pois os que conheço não são
quem eu conheço não vale muito uma entrega de vida total e impensadamente numa hora fria
quando eu entregava pizza nos fins de tarde eu escutava no rádio o drew garabo
onde eu trabalhava cinético ofício ar condicionado comida à vontade no meu carro
como todas as noites depois do trabalho já estava à vontade em casa banho tomado


exercício de ficar ali sentado janela ao lado esquerdo soprando o vento sinistro
e vem,idéia, e vem, idéia, e nada e ao mesmo tempo assobiava uma estranha melodia
que dizia chuva sacode a cidade chuva cobre o deserto chuva a arca não está pronta
mas era apenas um deserto amarelo posto que poderia servir de banho para os turistas
só o assobio e de repente um ronco de motor de máquina um carro desembestado
eu não sabia muito de mecânica mas estava ali um desafio eu poderia simplesmente ignorar
logo logo ele parou fiquei mais tranquilo e naquele parque do dragão alguém encontrou vida

e o amarelo não sai da minha cabeça nem sai do final da praia quieta e os pescadores
os barcos desbotados de água e tempo e os peixes muitos mortos esparramados no chão
folgados daqui a pouco toca o sino e aparecem alguns doces para acalmar o instinto aguerrido
a vontade de violência o desejo intrínseco e não mais úmido que os sinos de cidades litorâneas
que os fungos não propaguem seus reinos para baixo e as garças não busquem comida no prato
dos desabrigados que observam o mundo seria muito se eles soubessem escrever poetas que são
da rua e dos acontecimentos retratariam com sabedoria a vida e discordo não teria interesse nisso

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quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Ô coisa!


Predon! Predon!
Derruba uma lata aqui na manga?
Joga o martelo que quica matando
As pequenas formigas e um dedo.
Inchado.
Leva ao tombo o serrote,
Sem frescura, joga a carta que tem aí!
Surge!