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Hoje cai a minha vida.
Cai do céu branco ofuscado então cinza.
Despeço-me de todas as lembranças e feridas
Como se nunca tivesse tido-a como amiga, a vida.
Amanhã é palavra e tudo vem.
Deslizamento de tarefas e compromissos.
Como uma enorme ameaça de chuva, temporal
Azul e nuvens sufocantes. Nada disso.
Todos os dias começam como o primeiro.
Já acordei tarde e vejo o que já foi feito, já que
Não participei do início de tudo. Não sei onde me perdi.
Sonhos, não mais. Eu sabia de tudo que estava lá.
Se procuro o céu, o que vejo são quinas.
De prédios. De construções quadradas feitas por guindastes
E marretas em mãos lascadas. Não é brincadeira.
Até lá, preciso ultrapassar duas grades.
Tudo escuro, triste o bastante para pôr fim a tudo.
Nesta alegria fina, encontro meu repouso, o meu destino.
Desatino máximo.
É não saber que não sabe e não suspeitar disso.
Pressentir o que virá.
O vento que acaricia a minha barba
Também me sacode o tronco, em rompantes
Aleatórios, entre ventos e brisas.
Pode ser que neste augúrio, sinta.
O tal universo movendo as forças comigo
Trazendo o mundo comigo e todas as outras
Coisas que eu preciso. Não são tantas.
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