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Há praticamente dois anos atrás, conheci Liliane. Não sei por onde anda agora, não sei o que aconteceu com sua vida. Liliane foi uma das mulheres mais incríveis que conheci e um grande amor. Eu gostaria de ter juntado nossas vidas e, tenho certeza de que nós seríamos felizes. Sinto falta dela. Nos encontramos duas vezes. A conheci na véspera do meu aniversário de trinta anos, passamos aquela noite juntos, bebendo, conversando, fumando, e rindo muito. O amor rondava aquelas duas pessoas. Nos beijamos. Foi maravilhoso, o nosso beijo, o encontro das nossas peles, assim como o encontro de todo o nosso ser. Lili gostava de Smiths e eu também. Ela sofria de uma doença do sistema nervoso que, de tempos em tempos, a deixava bastante debilitada fisicamente, tendo que ficar de cama, sentindo muitas dores, tendo espasmos e sofrendo mesmo. Isso me deixava terrivelmente abalado. Como podia aquela menina com seus vinte e poucos anos, tão linda, tão viva, inteligente, brilhante, como podia ela dizer que tinha uma doença e que não havia cura e que não viveria muito tempo, e por isso não poderia assumir comigo um relacionamento de corpos? Como pode? Guardo até hoje, num antigo celular sua mensagem: “adolescente dos anos 50”. É o que nós fomos nas duas vezes em que nos encontramos. Fomos ao teatro e assistimos a uma peça fantástica do Armazém, uma montagem de Toda Nudez Será Castigada, do Nelson. Eu espero que você, Liliane, onde quer que esteja, esteja viva. Seu brilho permanece no inventário da minha existência. Eu amo você, Lili. Cadê você, Lili?
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