terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Jovens

.


Somos jovens e balbuciamos palavras que saem desastradas das nossas bocas urgentes. Quando não sugamos salivas, energias, oxigênio, odores e inalamos sexo por hora barata. Somos jovens que, cegos, aliviam-se uns aos outros dizendo: “Ei! Estou com você”, ou “Tamo junto!”. E há não somente este mundo dos noturnos, dos que vivem pensando ser inteligentes, dos que fazem natação, dos que passam em concursos e dos que não passam. Não há somente o mundo do presidente dos Estados Unidos ou China. E com gosto venho com comportadas palavras escrever o que chamam de literatura, palavra muito bonita esta também. Por que nos importamos tanto? Quanto ao sexo, por que? Qual a diferença entre “me abraça?” e “vamos transar?” Por que nos importamos tanto? Ah, mas se você tem um amigo, minha amiga, um amigo que quer te ver, que gosta de você, e é claro que ele quer te comer, o que é super saudável, mas se você tem esse amigo e ele é sutil, te trata com delicadeza, gentileza, tem uma agradável agressividade, não é feio, é músico, tem boas mãos, é poeta, tem tantas qualidades, presta atenção, hein, tantas qualidades, não é mole não, mas por que, minha amiga, você diz que quer sair com ele, por que diz que vai sair com ele, por que diz que vai ligar, que vai retornar a ligação, pois está na aula e não pode falar, por que não dispensa o rapaz? Somos jovens, não temos tempo. Avisa a esse rapaz, minha amiga, avisa. Encorajamos os poetas mais chatos e gabosos a escrever para receber bom dinheiro, apesar de que hoje em dia, só mesmo Paulo Coelho, e não tenho problema em citar este cara, me parece gente boa. Os poetas a escrever para receber bom dinheiro, nós encorajamos com nossa própria poesia. A minha vida é material e matéria. A minha vida serve-me com delícias. Não tenho medo de nada, não somos fracos. Somos apenas o que somos, sem medida de nada, pois ser forte é o que? Não tenho medo de nada e, se tiver algum dia, acharei normal, o tratarei bem e servirei banquete. Sou amigo do medo e meus olhos até dizem, segundo uma menina que olhou para eles. De dentro de um sítio escuro, observo o céu azul-negro por trás da cerca e ouço o som dos animais e vento nos objetos, principalmente o som dos grilos. E aquela árvore me olha com seus olhos de coruja, observando com precisão cirúrgica, ao tempo em que a coruja não observa absolutamente nada, apenas faz aquela cara.


.