quarta-feira, 21 de agosto de 2013

O Vigia


Muito obrigado por um dia triste assim
Há muito tempo que eu não sinto isso aqui
Hoje o café estava cinza
A fila a hora o povo quente o ônibus lotado
E eu me espreito às duas horas
Acho que sou culpado Coitado
Pura sopa na poeira
Ao que tudo escurece só me aparece
Quem pode
Um dia desses faz até um poeta levantar
Como quem pensa ahhh e se espreguiça
Dá licença que eu preciso falar
E o silencio começa



sábado, 27 de abril de 2013






Poema Salgado



Um poema é três, quatro versinhos
todo o resto é tentativa de fazer graça
Assim como qualquer salgadinho
em sua relação recheio/massa




terça-feira, 19 de março de 2013

Shhhh...


Muitas vezes o silêncio
muitas vezes se repete,
lento e denso, como lenço
escarrado muco de dentro

Muitas vezes o silêncio
mantém vivo o que se cala
e a parte mais alerta
consegue manter sua boca
quieta

Muitas vezes,
quase nesta,
jogo aberto
sobre o certo
é uma forma
bem discreta
de passar
despercebido
por ela



quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Uma grande Oportunidade




Vou me aguar dupla dose,
Agonizar em um canto.
Vingar meus pretensos sonhos
De acontecerem sem hora.
Lavar meus rostos e mãos,
De peito cheio e lavado.
Comprar meu pão no deserto,
Jogando a culpa na água.
Já não me engano, porém,
Porém, palavra que cago.
O meu artista imaginado,
Talvez o seu de repente.
Dou cambalhotas na cama,
Curvado corpo, espalhado.
Lavrar a terra não é
Amaciar sua alma.
É simplesmente lavrar
O que chamamos de terra.