quarta-feira, 15 de junho de 2011

Carta do Leitor

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Acho que, se escrevi dez cartas na minha vida, foi muito. Difícil vai ser lembrar de todas essas possíveis dez ocasiões. Cinco eu já nao lembro. Enfim, a questão é que eu preciso trocar cartas com uma pessoa que não sei quem é, pois ela ainda não existe. Essa pessoa, essa mulher, acredito eu, será muitas. Serão cartas para pessoas diferentes e, no entanto, para a mesma pessoa. Você acredita em Deus? Porque eu sou assim: se você diz, eu acredito. Acredito em tudo o que me falam e dá trabalho administrar isso. Se sofro? Pra caralho. Se tiver que chorar eu choro, também. Foda-se. Sou homem, sim. Se homem não chorasse, eu não seria capaz. Por enquanto vou escrevê-las no computador, digitando. Posso dizer que é uma novidade, posto que as cartas que já escrevi estão no papel, e quem as têm, tem sorte. Não faço cópias. Acredito no que me dizem. É fácil explicar: eu acredito em tudo o que me dizem, duvidando. Acredito duvidando. É cinquenta por cento, não é matemática. É preciso certa idade, são anos de aprendizado. Para mim foram centenas. Não sei quando terminará. Estou aguardando muitas coisas. O que não posso buscar, pois que mora noutro, aguardo. Aguardo pacientemente. O tempo é ilusão. O tempo são milhares de cartas sobre meu corpo sangrento. Não, o sangue não é meu. O sangue não é meu! Que tem sangue? É apenas sangue. Move-nos. Movemo-nos porque há sangue. Escrevo apertando teclas ao invés de sentir pena. E ainda assim, penso que sofro. E ainda assim, reclamo. E ainda assim, quero sempre o melhor. O melhor. Não vou filosofar sobre o melhor. O melhor é o melhor. O melhor é melhor. A palavra é essa, a palavra foi feita para definir, feita para explicar. E nisso reside sua beleza. A palavra encerra a idéia. A carta encerra muitas idéias, inclusive a ideia de encerrar uma carta. A idéia de encerrar cartas. Tudo bem, eu aguardo a minha carta, querida desconhecida. Você pode ser quem você quiser. Me escreva algo. Pode ser um e-mail, mas deve ser carta. CAR-TA. Os meus castelos não quero de areia.

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segunda-feira, 13 de junho de 2011

sempre quase

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Venha quando quiser
Volte sempre
Minhas portas estão abertas
Meu peito também
Meu coração, que nunca meu foi
Diz adeus e te vejo depois
(Sempre foi seu)
Desde o primeiro som

terça-feira, 7 de junho de 2011

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Aqui não se ganha e não se perde.
Se um poema nasce agora, aqui, nesta página,
Outro poema morre agora, aqui, nesta página.
Aqui não se ganha e não se perde.

Um belo poema pode ser lido
Em qualquer tempo, qualquer vida.
No caso de você não ter visto,
Clique em "postagens mais antigas".

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sexta-feira, 3 de junho de 2011

porque eu também tenho o direito





Um dia uma luz me interrompeu os sapatos
e abençoou o meu corpo.
e o copo cristalino que bailava na quina da mesa
agora caía numa velocidade baixíssima, tão baixa que
pude soltar ar quente da boca para fazer o vidro do copo embaçar
e ali escrevi dois nomes, com o dedo indicador riscado sobre o suor coporal,
antes do copo expandir-se contra o chão de cimento, para nunca mais se reencontrar

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quinta-feira, 2 de junho de 2011

e amanhã já não estarei mais aqui.

and tomorrow I will no longer be here.
eu fico aterrorizado quando preciso pensar muito ao escrever.
mas não pisco um olho.
- Fora daqui! - Me gritaram.
- Quero ficar! - Respondi.
- Vai se fuder! - Replicaram.
- Estragaram! - Pensei:

Lá se foi tempo que me dizia poder estar num ambiente desfumaçado.
Eu podia estar. Em lugares com fumaça, e me refiro principalmente à do cigarro.

- Quanto tá o maço?
- Três reais e cinquenta.
- Só?
- Acredite: é caro.

Nariz entupido nunca foi um dos meus melhores momentos.
É assim: não sinto cheiro, não sinto gosto. Não respiro direito, tento negociar
Pulmão esquerdo com direito, venta esquerda com direita. Difícil.
Comer é chato, uma tarefa árdua. Por falar em árdua, não gosto dessa palavra.

- Hoje tenho uma tarefa árdua pela frente.
- Você fala estranho.
- Tá me chamando de viado?
- Parece!

Há os sintomas de algumas cervejas, inclusive tenho bebido cervejas de vez em quando.
Aos nômades de alunas sereias, invasivas e tenho lhes dito: sereias que dançam o tango.

- Agora só bebo Stella!
- Hum! Adoro Stella!
- Tá dois reais no mercado.
- Tem dois vinte e quatros no meu carro.

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