Quando eu a chamei para um papo, ela me disse que
tinha acabado de perder o irmão.
Estava muito triste, nao conseguia falar. Queria
sair para a rua, andar sozinha de madrugada,
Em São João de Meriti, lugar perigoso do Rio de
Janeiro. Eu não podia fazer nada, não podia
olhar naqueles olhos e impedi-la. Sua desolação me
contaminou e fiquei ali parado, sem saber como agir e nem pensava nisso. Não
pensava em nada. Fiquei imaginando o que seria perder um irmão, eu que tenho um
irmão muito próximo, apesar da distância fria que tem nos rodeado ultimamente,
ele é certamente uma das pessoas mais próximas a mim. Imaginei como poderia ser
aquilo, porém depois de cerca de duas horas voltei para casa e acessei a
internet, o Facebook. Vi que ela havia escrito sobre a morte do irmão, escreveu
seu choro e lamento. Me senti fraco diante do mundo, e de fato era. E sou. Saí
da frente do computador e fui fazer outra coisa, provavelmente estudar e compor
arranjos para as músicas do CD que irei gravar com a minha banda, em breve.
Depois disso tomei banho, comi meu jantar, enfim, as coisas do cotidiano.
Quando voltei ao Facebook, cerca de quatro ou cinco horas depois, olhei
novamente seu mural e vi vários outros posts do tipo piadinhas, do tipo
cantadas mais engraçadas, do tipo “olha o que esse carinha falou pra mim”, do
tipo odeio o Flamengo, e etecetera. O que passa na cabeça de um indivíduo nessa
hora?
3 comentários:
seria cômico, se não fosse trágico...
o que passa?
A tristeza passou rápido. Estranho!
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