segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Dias ao contrário – said the old man

.


E os livros, discos,

Os poemas esquecidos...

Os rabiscos, tentativas de

Desenho no vidro...


Onde foram todos?

Onde mora a arte em mim?


Se pego um violão

Ou instrumento qualquer,

Ao toque de um botão,

Casa sim, casa não, menor em ré.


Juventude na escrita

Não difere da vida, ao pensar que

Cada golfada de ar que inspiro,

Expiro o suspiro de células, alívio


Quantas vidas você tem?

Quantas peles já trocou?

E as células, são de nascença?

Seus olhos são de neném?


Onde está sua idade?

Você tem quantos anos?

Minha idade cai à medida que

O mundo vai - caminhando.


Você tem os olhos do seu pai!

As pausas da sua avó!

Pra quem vive muito só

Eu em mim é gente demais!


Essa boca é do titio...

O maxilar é do vovô...

Assim, me repartindo, rio

E, afinal, quem eu sou?


Será mesmo esta vida,

Este mundo, esta aventura,

Algo a se classificar?


Quantas vezes, meu deus,

Sem ser religioso – ateu -

Posso seu nome chamar?


Números, mágicos silêncios

Que arranjaram para falar

Com anjos inteiros, em inglês,

Espanhol, grego ou alemão


“Please, give me that pencil”

- Said the general

But generals don’t say please

Que dirá thank you!


Pra onde vão todos os ladrões de ônibus,

com toda sorte de bugigangas

Quando saltam dos busões?


Montam uma barraca “fast money”

Ou fogem de Robin Hoods que

vagueiam desnorteados, dessulizados,

Deslesteados e por quão desoesteados?


E se vagueiam em tal situação,

Não custa perguntar: Tudo bem?

Alguns dirão que não. Que importa?

Alguns dirão que não querem porta.


Eu não venho aqui para contar nada,

Se assim quisesse, não fugiria contente

Das ciências matemáticas.


Venho aqui para fazer qualquer coisa

Que não seja escrever, e por isso

escrevo e talvez assim venha a morrer.


Métrica, verso, rima, prosa...

Que valor vital tem tudo isso

Quando a menina que o tem goza

E lhe escarra um belo sorriso?


Ah! Suspiros no corredor?

Colham tudo! De beterrabas a

Aspiradores de pó! Me deixem!

Deixem-me aqui completamente só.


Desembaraçando os nós do teu cabelo

Fazendo massagem nos teus pés

Lábios no teu pescoço e o cheiro

Que me causa tamanho revés.


Onde você sumiu?

No mato da hibernação climática?

Não ouço mais o velho telefone

Que tantas vezes já te ouviu...


Onde mora a arte em mim?

Já me perguntaram hoje.

Respondi que almocei, sim.


.