quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Liliane

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Há praticamente dois anos atrás, conheci Liliane. Não sei por onde anda agora, não sei o que aconteceu com sua vida. Liliane foi uma das mulheres mais incríveis que conheci e um grande amor. Eu gostaria de ter juntado nossas vidas e, tenho certeza de que nós seríamos felizes. Sinto falta dela. Nos encontramos duas vezes. A conheci na véspera do meu aniversário de trinta anos, passamos aquela noite juntos, bebendo, conversando, fumando, e rindo muito. O amor rondava aquelas duas pessoas. Nos beijamos. Foi maravilhoso, o nosso beijo, o encontro das nossas peles, assim como o encontro de todo o nosso ser. Lili gostava de Smiths e eu também. Ela sofria de uma doença do sistema nervoso que, de tempos em tempos, a deixava bastante debilitada fisicamente, tendo que ficar de cama, sentindo muitas dores, tendo espasmos e sofrendo mesmo. Isso me deixava terrivelmente abalado. Como podia aquela menina com seus vinte e poucos anos, tão linda, tão viva, inteligente, brilhante, como podia ela dizer que tinha uma doença e que não havia cura e que não viveria muito tempo, e por isso não poderia assumir comigo um relacionamento de corpos? Como pode? Guardo até hoje, num antigo celular sua mensagem: “adolescente dos anos 50”. É o que nós fomos nas duas vezes em que nos encontramos. Fomos ao teatro e assistimos a uma peça fantástica do Armazém, uma montagem de Toda Nudez Será Castigada, do Nelson. Eu espero que você, Liliane, onde quer que esteja, esteja viva. Seu brilho permanece no inventário da minha existência. Eu amo você, Lili. Cadê você, Lili? 

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quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Circo de Papel

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Vamos lá, apresentar soneto
Tão difícil é pendurar quadro
Ah, não venham com essas bobagens,
Aqui nada de parnasiano


Posso estar sendo leviano
Discorrendo nada sobre nada
Preparação de passar no teste
Salgadinho suco de laranja


Já tentei pintura, insucesso
Até sobre versos me debrucei
Tentando, vê, enlatar a arte


Nada que convença outro cego
Se levar a sério no espelho
Comer bananas no picadeiro


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sábado, 10 de setembro de 2011

De cima do prédio, à noite

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Se eu fosse falar de homens,
É falar de barriga cheia.
Da minha condição humana…
Quem sou eu para ti?
Sou para ti nada.

Poeira, alguns disseram,
Eu disse poeira. Cósmica.
E sem parar, as luzinhas vão
Escorregando, on/of, on/off…

Falo para o alto e sei que pode
Estar em qualquer lugar e direção.
Respeito e admiro seu trabalho, seja
Qual for o nome do autor, operário,
Compositor.

Rattle snake plays this song
And all the band gets in the groove
It’s something jazzy, smooth
Eu reparo, vem outro, agora o garoto.
Apunhala o ar e o faz tão bem.

Cascavél percussionista
Traz a banda e quebra tudo
Com seu jazz suave, malicioso
E é sugado para o céu e vê tudo de cima,
De longe. Comemora toda a sua vida.

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sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Renova

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Que importa o passado de alguém
Se o que vês agora é
Apenas e tudo o que é
Alguém

Que importa o passado
Se tudo vai, até mesmo
A pele que um dia tocou
Outras peles,
Renova

As tuas idéias são outras
Tua filosofia, amigos, amores,
Outros, tudo diferente, tua boca
É nova a cada beijo,
Cada grão que come


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