segunda-feira, 3 de setembro de 2007

I

Sou dependente. Frágil e impotente diante do abismo da vida. Me seguro, me apego nos mais diversos recursos que possa me apoiar, ou tomar posse e agarrar com toda a força para agüentar a força corrente da situação humana. Cala a boca, ortografo! Dinheiro resolveria praticamente todos os problemas da minha vida, atualmente.

II

Eu adoro ovo cozido. Com fome, sinto vontade de comer muitas coisas. Posso comer, posso não comer, depende de se onde eu estiver no momento tem comida. Parece estranho e esquisito, não é? Não é. É costume alguma coisa incomodar justamente onde não poderia, naquele exato momento. Chamem um médico. Não. Xamã.

III

Eu fico tranqüilo antes de entrar no palco, principalmente tocando com a banda. Sinto falta. Nem sinto, mas se lembro, sorrio. Passo por lugares diferentes agora. Outros nomes, outra estética. Arte. Agora veio um pensamento que me diz: “quero comer arte, quero comer arte, quero comer arte...” Não um big mac, mas um cheddar. Foda-se.

IV

Você anda pela rua e não tem rosto. Você grunhe baixinho quando alguém fala “oi”. Balbucia qualquer palavra não-dita e se livra de mais uma obrigação. Finge que não vê a pessoa que entra no prédio enquanto, dentro do elevador, se esconde nervoso torcendo pela porta que fecha. Tomara que não entre ninguém, você pensa. Tomara que não entre ninguém. Terceiro andar.

V

Nós vivemos assim, calados. Entramos no ônibus, no avião, não falamos com ninguém. Olhamos em nossa volta, percebemos a atração por algumas pessoas. O interesse. E se há a troca espontânea de olhares, nós sentimos a necessidade de olhar para outro lugar. Nós disfarçamos, fingimos falar ao celular. Nós, seres humanos.
(Esquecemos de amar.).

domingo, 26 de agosto de 2007

faça o favor

Me admira eu, primeira pessoa do singular, estar aqui neste blog (não é erro de digitação, é blog mesmo), não direi que tento, direi que escrevo mesmo. e reparando o sem graça aqui contido, o pálido breu de uma neblina de campo, o velho, o médio, o jovem, a criança já educada na sociedade, acho que talvez isso possa piorar. não sei se o design, o modelo, o desenho, a forma, a aparência, o visual deste periódico, quer dizer, eu até sei, mas digo que não sei porque parece-me mais diplomático e, principalmente, político. estar aqui neste blog e escrever, sim, escrever. eu fui alfabetizado e eu posso fazer isso. há quem não possa. nossa! como o povo brasileiro é analfabeto, ou, eu diria, no meu modo de ver e, principalmente no resultado de minha pesquisa, é que eu fiz uma pesquisa na internet sobre o semi-analfabetismo, devido a tantos erros absurdos de Português, semi-analfabeto, eu diria. não entendo porque os jovens, principalmente, não se importam com a escrita. é feio escrever mal, apesar de poder ser usado por alguns como charme, porque parece conformismo e conformismo, você, não me agrada em absoluto. quem conseguir ler e interpretar corretamente este texto, escreva nos comentários, faz favor. e tem que ser político para lidar com pessoas como vocês, não o "vocês" do "você" da penúltima frase até aqui. e o curioso é que depois desse "até aqui", pairou um branco geral, fiquei vários segundos sem conseguir escrever nada e fiquei atento, pensei que poderia ter acabado. e o final estava talvez esquisito, para quem possa achar e direi que não tem nada de mal em ser esquisito, desde que seja a impecabilidade de o ser. virou completamente o texto e ficou mais auto-ajuda talvez, uma forma de ensinar o modo certo de se viver, quando na verdade não se pode saber isso, não é? eu acho que é porque bem, melhor eu parar de falar, às vezes eu não percebo o quanto que eu falo e quando me dou conta disso, eu paro. tenho mais consciência hoje do meu corpo, da minha mente, da minha falange e do meu diafragma. meu eu se confunde com o eu que quer ser eu, mas na tentativa forçada de ser eu, não consegue e, frustrado, contenta-se em ser apenas eu. depois de algum tempo, não houveram muitas visitas, não significativas, não que pudessem se lembrar de mim e falar "oi", "estou viva", "babaca", alguém quer colocar uma foto no meu álbum? se quiser, é só falar e, é claro, me dar uma cópia. estou cansado agora, vou deitar. espero que tudo tenha valido a pena ou, pelo menos, servido de lição.

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Andando assim, sujo minhas mãos no chão.
De cabeça para baixo, vejo o mundo-não.
Observo tudo da altura de um anão.
É possível uma outra interpretação.

Planto bananeira no meio da rua e
Se passa uma mulher bonita, a vejo nua.
Olho por debaixo de sua saia,
Se ela não se dá conta e a pego olhando na minha cara.

Quando não, a camisa cai na frente dos olhos.
Sinto-me um inútil, apenas pendurado pelos pés no ar.
Como um recém nascido tirado do ventre da mãe,
O corpo mais peludo, mais dramático e forte.

Cruzo as pernas, formato de cruz como Mariana.
Vejo de novo o contraste do sol com o tênis velho e calça.
Porra, coisa mais sem graça!
Calo entre e através de um momento gratuito de vida.

Como se fosse escrever, toco piano no teclado.
O do computador, não o Casio.
E toco pra caralho, feito o Duke Ellington.

domingo, 12 de agosto de 2007

E então que a máfia desenha gráficos econômicos e permite que o cidadão seja esculhambado e arrastado por um carro, amarrado ao tornozelo. Se o tapete é um pouco, digamos, surrado, percebe-se o procedimento fora do padrão de formalidade de outrens. Opino a favor de atitudes desse tipo, circunstância dada. Ar condicionado seria talvez o treinamento que recebe o aparelho que deve religar-se a cada movimento de temperatura no termômetro? Temas para discussão. Aparelho motor. Seja tal, seja qual, seja o que for. Ânimo, gente. Vamos lá! Levantem-se e marchem como soldadinhos. E o governador quer mesmo aparecer hein, a polícia está rodando direto por aí. Quando a poeira cair...soltemos um balão que vai embora rápido de fogo e de repente, pof, cai e segue uma sequência espacial bem interessante, talvez fizesse como uma bola de sabão.

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Post

O que leva a emoção não é uma ciência.
Ela chega e bate forte, nocauteia o sujeito no fundo do chão.
Crava na parede como uma marreta imensa que golpeia contra o peito.
Música? Talvez. Quem sabe palavras, ou cores, ou olhares.
Algumas coisas podem ser bem quadradas, assim sem novidades.
Algumas coisas não podem. Devem saber quando parar e que ali há um momento especial.

No mundo se instala cada vez mais profundamente.
Quem quer participar, fazer muitas vírgulas e farofa.

Sei que muitas foram as críticas direcionadas ao Pan. Simplesmente Pan, o assunto. O evento. O mega-evento. Eu, particularmente, que não compareci a nenhuma competição, nem como espectador, nem como atleta, adorei o Pan. Assisti ao suficiente pelo aparelho de televisão e consegui até me emocionar em alguns momentos. Cito sim: Ana Paula Scheffer (quem? Bronze no solo do aparelho corda, na ginástica rítmica); revezamento dos quatro corredores; o pugilista de ouro; Edinanci. Seleção feminina deu show, mas não vi a final. Estava dormindo. Vôlei foi bom, mas foi fácil demais. Fiquei meio irritado com as derrotas do vôlei e basquete femininos, nas finais. Não pela derrota em si, mas pela forma que foi. O grito do Jadel Gregório. Diego Hipólito. Salve o Flamengo!
Salve o Flamengo, santidade. Mais uma vez no brasileiro, lutando contra o rebaixamento.
Mas ouvi dizer que muito torcedor foi desrespeitado, que o dinheiro foi desviado, que houve mutreta nesse pan. Neste país as coisas são bem difíceis. Blá.

Voltam as novas. Caras mais nossas. Casas mais abertas.
Velhos mais tristes. Rostos mais jovens. Festas mais rock.
Cenas de filme em cada cenário. Mistério em cada segundo.
Assim, como nada mudou, segue o estranho mundo.

quarta-feira, 18 de julho de 2007

mistura


'Eu não quero essas pessoas tocando nada que é meu!
Não! Eu to maluco, entendeu?
É patético, eu sei...é patético tudo o que eu faço.
Tudo o que eu penso em fazer e não faço.
Verdade é que eu sou um fraco mesmo, viu...
Eu sou aquele cara que fez tudo certinho,
Tudo como manda o figurino, para sustentar sua bela e adorável família!
Porra! Não quero festa aqui na minha casa! Não quero bebidas nem drogas!
Nada disso na minha casa, não quero que relacionem meu nome, meu prestígio,
A essa imundice que vocês fazem por aí! Aqui não!
É bom que isso fique bem claro agora para que eu não tenha que repetir.
E não saiam por aí dançando “Can´t touch this”!
Peço que me respeitem, por favor. Me respeitem! Por favor!
Obrigado, confesso.
Fico até um pouco...é...é.....desconcertado numa situação dessas.
Não queria atrapalhar, mas...por favor, não toquem em nada do que é meu.
Vocês podem sujar, melar, rasgar, quebrar, perder, roubar. Roubar!
Quer dizer, desculpa, às vezes não controlo o que falo.
Sei me controlar, mas às vezes. Quase sempre me controlo.
Toda hora não, mas sinto coisas estranhas, como espasmos que vêm do abdome e correm para as extremidades do corpo vivo. Um ataque.
Ahhhh!!! Seus cretinos!!! Estão me enrolando esse tempo todo, não é mesmo?
Eu disse que não quero ver ninguém fazendo festa aqui na minha casa.
Ninguém vai tocar meu violão, e eu não empresto nada. Nada! Principalmente livro.
Eu não empresto nenhum livro que eu tenha roubado, e muito menos livro do Tchekhov!
Detesto pobre...ô racinha safada, sinto até nojo às vezes. Nojo de encostar, nojo de olhar, me sinto mal de ver tanta gente nojenta no mundo, nesse mundo nojento.
Merda! O relógio velho daqui de casa parou há tanto tempo...
Só me resta mesmo calçar os velhos sapatos pretos de sempre. Eu vou para a rua.
E ninguém, eu disse ninguém vai tocar em nada meu. Não encostem um dedo no meu violão, nem na minha guitarra, porra se encostar na guitarra eu mato! Nem no teclado, nada, nada!!! Por favor, tirem os sapatos, se os pés estiverem mais limpos.
Vou sair. Deu fome. Vou comer. Odeio queijo creme. Puta, odeio! Cadê o pão sírio?
O que? Eu nunca comprei pão sírio! Não sei o que me acontece, me sinto apertado.
Não posso. Teatro. Foda-se. É tudo igual, talvez eu sente, talvez eu levante e fique aqui, como um macaco, me apresentando num circo de humanos. E aí? Vocês saem daqui mudados? Comem no Mc Donald´s? Trepam com vontade? Não, não, não me fala, não me fala! Melhor eu ir embora. Dói ouvir certas histórias, me lembro quando era jovem.
Eu? Não, pelo contrário, não fiz nada e agora sei que nunca mais. Por isso dói.
Mas foda-se, daqui a pouco eu vou embora. Não espero nada, eu quero morrer.'

domingo, 15 de julho de 2007



Vendedor de jornal no trânsito, em Del Castilho.
Estava eu aqui pensando com a minha mente e reparei a seguinte coisa eu tava escrevendo direto com muitas vírgulas e de repente comecei a achar isso muito estranho quase esnobe de ficar colocando vírgula em muitos lugares do texto vejam só lugares do texto desde quando existem lugares no texto?
Mas é muita pretensão de gente chique mesmo não é ficar pensando se coloca a vírgula ou se coloca coloca aonde. O ponto final é importante porque marca assim como a vírgula ops me peguei num momento um pouco lesado e percebi numa idéia genial que o ponto tem a mesma importância da vírgula ou seja nenhuma caso encerrado
Vou metade
E assim, com dificuldade, vou errando.
Vou.
Se voar fosse o meu sonho,
Mas que simples a vida seria.
Bastaria um simples pássaro.
Coração
O órgão não, não diretamente,
O do amor, eu digo,
Digito só com uma mão.
Quatro
Fosse três ou cinco, tudo, nada, tanto faz.
Se é na hora de contar os dedos,
Quem não tem cinco em cada mão
Sabe dar valor a um segredo.

(NÃO)

sexta-feira, 13 de julho de 2007

Este blog é muito bom. Sensacional. Fantástico. Sem comentários.

quinta-feira, 12 de julho de 2007

"e a noite passa tão depressa" depressa, depressiva. depressão cem metros.
Hoje eu vou ler...vejamos...o horóscopo. Sim, o horóscopo me cai muito bem em dias como este. Ou quem sabe. Marta! Pega para mim aquelas revistas velhas em cima do armário! Rápido, antes que eu perca a idéia. Ela chegou tarde demais, a idéia já era apenas uma vaga lembrança morta. Marta estava morta, e fazia exatamente um ano.

Oba! Hoje eu vou comer pitiçá! de calabresa com cebola! Ih! Lembrei de uma coisa importante. Um resgate. Preciso ir. Preciso de ajuda. Forças emanem. coisas estranhas acontecem em dias aparentemente normais. dias muito estranhos, estranhos para valer. estranhos para valer.

quarta-feira, 11 de julho de 2007

Enquanto não escrevo tanto aqui, quer dizer, não digito.
Tenho sentido dor, e às vezes é bom e, no entanto, sucedo.
Cerca-se mesa em roda, hoje careta, polvilho, uma cerveja para cada.
E sente-se uma brisa de inverno soando baixo nos ouvidos, perto deles:
Não vamos nos encontrar, falou o pessimista. Ele já previa o pior, é claro.
Ele tinha certeza de que se encontrariam, e aquilo seria apenas um começo.
Veremos os momentos, viveremos, reveremos os momentos!
Tudo poderia acontecer. Lembra da bicicleta? Era uma bicicleta.
E certas meninas não se deram bem com ela. Acho que uma.
Outra foi feliz, e sentiu o toque do nariz no pescoço, o que não faz sentido.
Existe uma combinação exata entre menina e bicicleta. Talvez eu.

Um vazio, um... clima de frio no calor de inverno.
O erro completo após o acerto preciso. Espero o próximo...
Eu vi um morcego morto, no chão, estatelado. Foi noite passada.
Batman!

terça-feira, 10 de julho de 2007

antibióticos

E a segunda muda e nada muda, tudo. Outro mundo, se me permitem.
Permitem nada, eu não me permito ousar muitas vezes. Escrevo, por exemplo,
Com o dedo dolorido e inchado por alguma inflamação e mesmo assim, estou aqui. Escrevo. Não sei se faz sentido mas continuo, pois ainda não desisti, como um amigo.
O sombrio que leva o que não é bom para onde vai, um fantasma.
Estou falando besteiras, visto que me sinto bem e risonho, no fundo triste.
Quanta falta me faz o que não é mais, e vai ser. Um girassol em outras palavras, quando passava pela rua das flores, ia te comprar. Ainda bem que não achei nada tão elegante, e acabei me poupando da gafe extraordinária. E outro dia, pouco faz, passei por ela e senti que estava perto, mas tão longe, mais longe do que perto. Por enquanto vou lutar.

quinta-feira, 5 de julho de 2007

Ahhh...besteira! Ganhei...ganhei porra nenhuma. Peguei emprestado? Devolvo logo que posso. Sim, sim. Mas é inacreditávelmente acreditável. Ou o contrário. Parece, tenho a ligeira sensação de que deu tudo errado ontem, quarta. Pode parecer estranho, e é. Deu certo, foi interessante, diferente. Que mais? Aonde está o termômetro? Ah, brigadeiro mágico sem mágica, banana com aveia e mel, pão de queijo. suco de uva, água. Água. Tenho a impressão de ser um mero sonhador de olhar de longe, de ver a poesia passar para quem passa um filme, uma peça de teatro, um jogo de futebol. Temos que viver! Tenho que viver. Programar é inútil. Programação de fim de semana: não consigo imaginar, será que acabou tudo? acabou? Não pode. Alguma coisa aconteça, por favor. Peço. "E a esperança não traz confusão, porquanto o amor de Deus está derramado sobre nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado." Romanos 5:5. Não sei se acontecerá o grande momento da minha vida agora. Vou dormir. Talvez sonhar. Digo isso novamente porque.

domingo, 1 de julho de 2007

Vupt

Nesta segunda, prepare-se.
Aventuras com um guerreiro mágico.
Por naturezas e árvores, folhagens e pele.

Gosto de mil. Não gosto de ninguém.
Sei o que é gostar, sei. E faço.
Me dou de cara no mundo, pois quero vida,

E traços de rastejos em nada, em poças de lama.
São inúteis, nada é inútil.
Que seja com a dor, a esquizofrenia.

Me desfaço, primeiro pele. Ela cai devagar.
Vão pelos e pelancas, e fica a carne que apodrece.
Ela demora muito para se desfazer.

Tudo se conquista, na luz.
No arroz, no fumo, no beijo, no olho.
A esfera sentimental em que me envolvo.

Estou sem pele, carne, tecidos e ossos.
Estou pronto para voar. Sou apenas o sentimento.
Eu sou apenas, e isso é muito, a experiência.
Eu nunca fui ao Egito, e aquela garrafa bonita não era minha. Era brincadeira. Uma coisa meio boba de tentar impressionar, não como cantada, mas como assunto. Enfim, acabou tudo, e tivemos que sair em certa pressa, pois o choro eminente quase brotava, mas no fim, não era nada. Bastava olhar alguma outra cara, o que não aconteceu. Lentamente acomodava em semblante algumas sombras, nem lembrava da bela tarde de teatro, como alguém chamou. E foi. Depois pensei que tudo pode atrapalhar. Um atraso, um cansaço, um incômodo, uma alfinetada. Por que será que há provocações? Isso acontece com pessoas que tem algo indefinido. É como se gostassem um do outro. Será que podiam? Estavam na vida, e isso era tudo o que importava. Quebrava-se assim qualquer regrinha boba, porque queremos ser felizes, no fim, no meio, agora. E eu me achei tão antiético, asqueroso, corrupto, ouvindo tantos elogios dirigidos ao meu ator. Ele não precisava. Quem precisava era eu homem, eu alma, eu pessoa, que seja. Pode ser que seja um começo. Quero tudo, quero tudo e a vida acaba assim.

sábado, 30 de junho de 2007

O elfo estará olhando para você
ao virar a esquina dos elfelês
Algo irá mirar na sua cabeça
O vento envolverá tudo.
Terá uma boa noção de sua amiga morte.
Ouvirá seus conselhos.

quinta-feira, 28 de junho de 2007

Olha! Correm atrás das borboletas.
Veja só! Os macacos pendurados nas árvores.
E daí?
Eu não vou dar comida aos animais.
Eu sou animal.
Você está triste?
Você está feliz? Não, em geral posso dizer que a minha vida não passa de pequenos momentos de euforia, seguidos por longos dias de espera por alguma coisa que não sei o que é, e nem me interessa saber.
Sofro. Sofro pelo maior motivo do mundo. Sofro por amor. Sofro de amor. Amor.
Que assuntos mais pungentes? Amor, morte. Vida.
Eu venho aqui hoje triste e, sabendo que a tristeza é apenas uma transição, sorrio. Felicidade é estar com você. São esses pequenos momentos. Momentos. Agora.
Estou confuso. É estranho mesmo, o medo existe e no entanto não me sinto a ponto de parar. O medo não me pára. Contudo, o medo tem me vigiado muito e não tem me dado espaço para fluir no espaço que me cabe. Sinto que ela vai passar. Triste. Eu não queria assim, poderia continuar. Talvez isso acabe como num estalar, um pequeno olhar, um gesto. Eu quero você. Preciso dizer. Agora está dito. A seta foi lançada e ainda não chegou ao alvo, ou talvez esteja lá, calada. Eu espero, como sempre. Como meu doce, como sempre. E venho, mais uma vez triste. O vento corre por meus traços mais alegres e nem percebe a lágrima que nasce no lugar invisível. Ela vai buscar um doce, ela dança e é linda. Linda não, linda é quase nada. Eu me sinto bem nela. Ela é para mim, eu egoísta. Me sinto capaz de levar ela ao melhor da vida. Mostrar o mundo. O mundo imprevisível, misterioso, sem julgamentos.
Os olhos denunciam uma coisa sem explicação, um mistério, eu gosto mas me sinto nu, como se estivesse totalmente vulnerável, e fraco. Ridículo, um babaca. E ainda digo que gosto. É incrível.

terça-feira, 26 de junho de 2007

Talvez seja o inverno um bom tempo para escrever.
Um bom tempo para se viver, para achar que vale a pena o morrer para amar.
O frio que ameaça chegar no rio, acolhe o corpo e vamos em frente, com teatro
Com música, com conversas suspensas em mistérios
Entre pouca coragem e muita vontade.
Em alguns lugares, a neve branca cai nas cabeças, enfeitam carros.
Por aqui ainda somente as ondas estão chegando na calçada.
Bom tempo, o inverno, para se terminar uma coisa que foi legal.
Bom tempo para se começar uma coisa que vira tudo ao avesso.
Uma sacudida e um grito pedindo para acordar.
Esquecer desse mundo que dizem que.
Voar e tocar, sentir com tudo os átomos se misturando.
Dançam. Pode ser parecido como a dança que fiz, sem compromisso.
O mágico está nessa forma de fazer mágica com o que acontece.
Acontece sem se perceber, e só depois sabemos. Mágica.
E lá fora chove como o choro que quer cessar, mas ainda falta aqui dentro.
Falta alguma coisa, e ela vai caindo e se escuta alguns barulhos de pingos, de gotas.
A chuva que diz: limpa. Leva o que já foi bom, e aconteceu. Deixa viva a sua vida.
E aos poucos o inverno vai ficando confortável.
O que será da minha miopia, depois?
E hoje, sinto que isso me tira um tempo...

E então de meu corpo, que hoje desfruta de força?
Agora sinto que sim, mas não sei, é frágil.

Pisando nas pedras do céu, nuvens.
São duras e feias, as nuvens e fraquezas.

Os códigos indecifráveis
Atrás dos olhos, decifro-te inteira.

Sei nada sobre o que será de mim, sabes?
Que será de você se não deixar eu te salvar.

Me deixa ver nesse imenso emaranhado
De viagens turvas e coloridas sem contornos

O que será de mim, depois que acabar?
A vida será, sem amor, um apenas nada que não acaba.

O som do sopro grave te chama? A mim.
Se estou rindo, é porque sofro, menina.

Cala a minha boca.
Antes da besteira que eu possa falar.

Cala com beijo e me dá um pedaço de alegria
E amanhã, seja lá o que for disso, amanhã será.
E aos poucos vou conseguindo sair desse sonho.
O tempo, sempre ele, passa rasteiro
e corre como o vento que nos sacode os cabelos.
Se olho bem, é estranho, vejo que não há aquela beleza.
Se olho bem melhor, a beleza não chega nem perto.
Foda-se a beleza, a paixão, foda-se a vida de romantismo e, cercado num emaranhado de terceiros, me vejo ridículo, apontando os erros num excesso de desespero que nem sequer existe em certeza. Respira. Olha, olha, sente o cheiro e vê, escuta os passos dos próximos cúmplices dentro da guerra de volta para a casa.
Acho que aos poucos vou saindo do sonho, saindo......saindo do sonho.
Insisto e preciso, porque lá fora gira a roda de vida, o coração ainda bate e não sinto ainda a hora me bater por vez definitiva. Existem muitos outros sonhos, existem muitas mulheres, existem dez mulheres para cada homem. Existe apenas uma. Ela existe e eu quero, como um caçador mesmo. Salvem os deuses que protegem os tímidos, ouvi algo assim, e que seja verdade que existam tais deuses.
Saindo, velas, tripas, nada disso, nada disso me faz a cabeça, quer dizer, nada disso junto. As velas sim, mas tripas...não, acho que não. Não há mais nada por aqui. Posso ir embora? Deixa eu sair. Que seja a hora de amanhecer, não pode ser que haja uma saída?
Eu acredito no amor, digo imitando o ator que faz o idealista romântico idiota, é, acredito no amor. Acreditar... Desejo move o universo?

segunda-feira, 25 de junho de 2007



da sala de ensaio...

Ele finge tudo

Finge dançar ao mundo.
O homem cego finge ouvir melhor.
Ele finge tudo.

Um brinde que tanto se espera.
Tim-tim, fazem copos de cerveja que
Comemoram apenas uma cena.

Sentiu, sofreu, enfim, eu.
Alguém, não sei, alguém que é ela.
Espera, espera, espera. Hora errada. Morreu.

Gelos em cubo fazem quadrados azuis
Amarelos em copos fazem pessoas tristes
Mais quantidade, por favor, pessoas e copos nus.

Pode ser brilhante.
Se ama, erra. Mundano.
Qualquer ser errante.

Carrega o que precisa.
Deixa ele e vem comigo,
Eu te carrego. Você carrega a comida.

Mundo outro que é bonito.
Tons de vida, muitas estrelas
Que em sua presença, céu colorido.
Como é levar uma porrada, uma surra da vida e a chuva cair desprovida de pudor?
Falta respeito nesse mundo torto e miserável, que deixa livre o mais idiota dos idiotas solto só para fazer obstáculo no meu caminho de amor.
É assim, como sair com a mulher, e estar apaixonado por ela. E aí ela começa a falar que ama o namorado, que tem medo de perder o namorado, que está muito feliz...
Pelo jeito ela já conhece “aquela minha cara de quem ta gostando muito” e fico na dúvida ligeira se percebe a crueldade com que ela aplica tudo isso em mim. Sim, porque é estar apaixonado por ela. Apaixonado, entendeu? Falta cerveja, talvez algum vinho, droga que faça eu falar, droga...mas eu falo tanto, será que ela não percebe?
Ele vai percebendo cada instante, cada um que vai. Ele perde algumas chances, achando que não morre e no fim, acaba sempre faltando o momento certo. Que merda de “ele” é essa? Coisas que não se separam e terminam sempre muito separados, autor e personagem, criador e criatura, pai e filho. Poderia até falar mesmo, não ter nenhum tipo de rédea mas e aí, o que aconteceria com tudo? Estou quase pagando pra ver o que aconteceria, sinceramente. Acho provável que eu bata com os dentes na parede e caía, agonizante como uma barata que sobe um espelho de banheiro de boteco.
A chuva bate forte, como um aviso do mau tempo em todos os caminhos previstos, e fico preocupado porque não sei mais do paradeiro daquela menina dos olhos cheios.
Não chovia mais, foi só um sinal para que houvesse algum tipo de feitiço contra mim, contra meus desejos, umas brincadeiras. Enquanto se preparava para ir embora, achou que não poderia ainda suportar o papel secundário. Queria ela inteira.

sábado, 23 de junho de 2007

Entre eles todos, vou eu andando ou muitas apenas flutuando os pés no caminho de pedras inexatas. Sempre por ali, eles gostam de flertar com meus andares por mais que eu queira sair e não enxergar o que me dão. Quando ando, não sei aonde vou, é recorrente, mas vou procurando umas velas e penso nela. Apaga-se a luz na casinha de verde e eu já nunca pertenci àquele lugar, por mais que eu queira, por mais que eu vá até lá e sinta que as pessoas não são a minha onda. Tinha um tal de Rafael e eu me via ali, mas ficava embaçado e assim não pude ver bem se eu poderia estar lá na imagem. Era alguém mais apagado, eu brilhava, brilhava muito e era claro, a luz emanava, eu estava ali aberto para o amor. Os passos iam seguindo o alto e cruzaram com as mulheres perseguidas. Fingiram que não era nada e continuaram até o pátio vazio, e tocava uma música muito silenciosa, aquela que sempre toca. Eu lembrava dela o tempo todo e acabava indo embora sem nada, porque dizia não ser orgulhoso, mas um pouco eu era sim. Eu queimava uma ponta e de repente sentia que o mundo era mais. Não por isso, mas pelo efeito do tempo, ele que cicatriza as feridas que ruminam. Depois de alguns momentos de distração, voltou ao chamado “mundo real”, onde as pessoas sentem coisas estranhas, como essas coisas que tenho sentido tanto. Espero que aquele desejo da cor verde também seja realizado, porque houve empate. É justo. Estranhezas de quem ama e não pode, de quem vê e não sabe escolher.

quarta-feira, 20 de junho de 2007

terça-feira, 19 de junho de 2007

Eu tenho que continuar olhando, acho que se eu perder alguns momentos posso perder tudo. Nada se repete na vida, e temos que escolher aquilo que é certo naquele momento. Pronto. Resolvida essa questão, posso declarar qualquer coisa, seja verdade, seja mentira. Conceitos questionáveis em si, mas não se deixe levar pelo romantismo e ilusão de tudo o que acontece. Deixe-se saber que é tudo mentira, tudo mentira, quando se quer representar. Se for pegar, pega. Se for beijar, beija. Se for bater, bate. É tão fácil quando chegamos a uma simplicidade que se preenche como uma mola no coração. E seguimos por noites sombrias, com muita pureza de espírito. Verdades que se jogam sozinhas no escrito, pois quando sou livre não tenho mais dedos, nem mãos, nem mente, eu sou apenas uma coisa que não sei o que é. Sei ser, mas se penso, esqueço tudo. Tenho que continuar olhando, pois apesar de achar mais deslocada, tem um charme tão especial. Poderia fazer tudo errado, e no fim seria muito certo. Para mim tanto faz. Quero que seja logo, para que possa ser. Chegamos a um lugar indecifrável, coisas que ficam escondidas e vamos em frente. No escuro. Teatro da escuridão.

"Living is easy with eyes closed
Misunderstanding all you see"

- Strawberry Fields - Lennon e McCartney

segunda-feira, 18 de junho de 2007

Para se manter no círculo mágico que é esse disse-me-disse das pessoas envolvidas, penso e reflito, às vezes. Não é preciso muita exigência para um cérebro descontente de estar ali prestando um mero serviço favorável ao acaso. Até que eu resolvi sair um pouco e passear pela orla, e vi que o mar ultimamente não está muito tranquilo. A água tem se mostrado por aqui em chãos e avenidas, mas não em forma de bebida para muitas famílias aflitas. Não sei do que falo, pois não sei mesmo e agora acho que muitas coisas poderiam acrescentar ao trabalho que faço. Por aí dizem que...coisas sociais, não sou muito interessado nesses assuntos, assim como futebol como fanatismo. Futebol é muito bom de se jogar, de se assistir. Melhor, e sem dúvida nenhuma, é se apaixonar. Quando vejo o que vejo, sinto vontade às vezes até de chorar, digo "até" por causa da nossa cultura da fragilidade do sexo feminino, o que é completamente absurdo. Eu faria tanto. Eu falei. Se formos até o infinito, voltamos?

sábado, 16 de junho de 2007

Ás vezes eu fumo uma erva, e o barulho da televisão me irrita.
Digo que é barulho porque som é coisa que se pode escutar.
Música triste se repetiu várias vezes, e agora preciso de alguma coisa bem agitada.
Alguma coisa que seja um pouco nojenta, um pouco...algo que cause uma certa revolta.
Depois amansa, e com um pequeno esforço da amada, ele se alegra. Vê o mundo colorido novamente. Ele tem dois amores. Um que dorme, outro que acorda.

No final de sua resistência à tanta carência reprimida, ele finalmente consegue sentir.
Sentir o toque de alguém. O toque, meu deus! O toque! Então era isso o que faltava!!!
Ele precisava que ela o tocasse, mesmo que fosse para acordá-lo de qualquer sonho bom. O sonho era um paraíso que se mostra lindo no início, mas que aos poucos vai tomando uma forma medonha e escura, assim como quem vai nos engolir, e depois ficaremos lá para sempre. Vivos, porém dentro de um vazio interminável. Um escuro que não tem mais fim. Ele precisava daquele toque.

Às vezes eu ordeno às estrelas que não apareçam. Como quem odeia tudo, não quero a presença de nada, de ninguém. Não quero a minha presença. Não quero sair de mim, porém. O corpo sabe que precisa ficar, e no entanto, brinca em linhas transparentes, podendo cair a qualquer instante e morrer para sempre. Esse balé sobre a linha é uma guerra nojenta. È verdade, não se assustem. Não se espantem. A vida é uma guerra.
Eu quero paz. Eu quero paz, sim. Eu preciso desse toque, eu sou capaz de cometer alguma loucura. Sabia que a loucura era burra.

Ela sabia que precisava também do seu toque. Sabia tudo, e por isso, continuava infeliz, zanzando por entre seus pensamentos de espinhos, e suas tesouras de unha. Estava presa. Sim, presa como um presidiário na cela fechada, mofada. Era vida saindo do mofo. Bactérias que evoluem dentro da cadeia. Precisava daquele toque, e era urgente. Ela não sabia. Pensava muito e, como quem pensa muito, teve medo. Sentiu pavor da vida bela, do amor poeta, do cinema moderno, do sol. Não queria a luz. Havia se tornado o próprio mofo. Ela sabia que precisava, mas tinha medo de viver.

E continuaram. Precisavam e se arrastavam.
Desesperado. Desesperada. Não pensem vocês que estas palavras significam a mesma coisa em gêneros diferentes. Ele queria viver, lutava. Ela precisava, queria morrer.
Em poucas horas se sentiram tão distantes que tiveram que continuar.
Ela precisou daquele toque até a sua última respiração. Salvaria a sua vida. Morreu.

Continuou pensando, e depois de um tempo, achou que deveria parar.
Ele não precisava mais. Estava livre. Olhou em volta. Olhou para o espelho.
Sorriu. Não com um sorriso, mas com o corpo. De repente uma luz brilhou, não como brilha qualquer luz, mas uma luz brilhou como só ela. Ele se virou em direção à porta.
Abriu. Não reconheceu o mundo que viu. Sem motivo nenhum, e nem precisava, correu.
Correu muito, correu sem parar. Correu sem parar.

quinta-feira, 14 de junho de 2007

- Vai querer mais?
- Acho que não.
- Mais leite, não?
- Acho que não.


- Vá indo na frente, pegando as chaves.
- Tá bom, enquanto isso vai comer alguma coisa.
- Tá bom, faz o seguinte: vai vendo isso que eu vou ver se como alguma coisa.
- Foi isso o que eu falei.
- Ah. Então tá.


- Vê isso aí, se vale a pena.
- Que isso?
- É um negócio aí da TIM, que paga menos que telefone fixo e.
- Eu não sei nada sobre isso e não trabalho na TIM.


- Eu te amo.
- Vamos embora? Tá tarde. Quero ir pra casa.
- Eu te amo.
- Shh.


- Você pode me dar um trocado pra eu comprar um salgado?
- Eu tenho metade de um salgado ainda fresco, aqui. Toma.
- Não, obrigado. Não gosto de orégano.
Quase atropelou o ciclista na avenida
O burro homem que controla o carro,
O grande carro amarelo.
Ia atropelar seu futuro genro.
Perdeu o neto.

Deixou o dia ir embora sem beijo.
Ficava agora babaca, sentimental.
Pode ser que amanhã.
Perdeu o cheiro da mulher que ama.
Nunca mais.

Pode-se parar de trabalhar, está tarde.
Mas se vê umas pessoas reunidas,
Pode esperar muito tempo.
Ótima oportunidade de se melhorar.
Não se perde nada com dignidade, a menos isso.

São tempos estranhos.
Noite e dia são um mesmo lugar
Mas quando chega a hora de ir embora,
Parece que dentro e fora fazem um círculo louco.
Quase não agüento, e um dia, terei de falar.

É terrível a miséria do homem.
Ele quer, mas não pode. Ele não sabe bem o que quer.
Quando há o confronto, ele comete seu pior erro: pensa:

sábado, 9 de junho de 2007

procurando, procurando, procurando...e vou ali aonde me chama a comida. Ah, sim...o sempre amigo, o recorte. Vamos ao que interessa: ei, não falem tão alto! Assim é quase impossível eu começar a falar alguma coisa, que seja. E aí eu dou algumas voltas, e sinto o vento, e o toco. procurando, procurando...talvez esteja lá no tablado, na poeira do esquecido. do teatro. procurando um verdadeiro momento de vida. um pequeno momento, assim. de vida. e a ação precisa do conflito. Existem pólos, existem mil explicações da razão, mas que eu me permita também as aventuras, a vida é curta, já dizia o velho. Diga isso enquanto é jovem! Entre naquele lugar e seja a essência do seu ser. Não traga seu ser social. Ele pensava. Era difícil tentar pensar em "ser social, não trazer o ser social". Era tudo o que ele tinha, pensava. Ele não sabia que existia o que não está disponível às palavras. O mistério da vida, o indizível, olha eu mais uma vez. ele pensa que consegue, às vezes, dissociar o ele do eu. Deixa. Vamos ao que interessa. procurando, procurando, procurando. Era como tirar o paletá, a gravata. Ficar nu, no meio da rua, nu no meio dos homens, como talvez dissesse Nelson Rodrigues. Merda. Citei. E o vento trouxe também o cheiro. O cheiro bom, e não era o cheiro de que falávamos quando passamos pelo alto amarelo. Era o cheiro bom, sabe. Confusão. Melhor não pensar, muitas vezes. Muitas vezes não pensar é melhor. procurar o momento de verdade. a mágica.
A paixão, a coisa toda, o sol indo às quatro. Momentos de verdade, alguém tem?

sábado, 2 de junho de 2007

Uma gota que cai. Blupt. Foi-se.
Vai de encontro com as hereditariedades. As civilizações.
Pequenezas de um reduzido homem. Coragem, ora, coragem!
Besteira, falar coisas como essas que eu digo. Motivo, tenho milhares.
Posso começar e não terminar por que não há fim. Pede-se apenas paciência.
Há pessoas morrendo no oriente. Algumas pessoas ficam chocadas.
Vem cá, senhorita. Pode beber a minha água, a minha última. Bebe.
Eu vou buscar. Não precisa usar armas e atirar no meu estômago vazio e trêmulo.
Eu já estou morto, não precisa me enterrar. Mais uma vez, mentira!
Desconcertante, às vezes, eu ou qualquer outro pode irritar o próximo.
E sai correndo de um nada, assim pro outro lugar em um minuto.
Logo pensa. Pensa. Não sei o que acontece depois, mas quem sabe eu volto em breve.
Contarei, talvez.
Falando sobre mim: me sinto bem agora, mesmo com tantas informações. O mundo racional toca nos meus sentidos, e o meu corpo quase voa. Isso é de outro tipo de coisa, sensações, e experiências que são indizíveis.
Instrumento para um fim. Um meio. Atravessa o deserto e sem beber água, chega.


Teve miss universo, e achei a japonesinha bonita. Mereceu.
A brasileira mereceu o segundo lugar. Ah, perdão, fui desligar a televisão e talvez procurar um som pra escutar. Mais um minuto. Certo. Bitches Brew, do Miles. Sei que está certo, mas o word não aceita. Traça uma linha rasgada debaixo das supostas palavras erradas que. O segundo volume, estou escutando. Estou com coriza e pigarro.
Estou gripado. Acho que sábado não é dia próprio para um milagre. Eles, os milagres, são surpreendentes. Se são, como sabemos? Joguinho ruim o do Brasil. (Pensei no P, confesso, retardado). Em um sentido, que fique claro, em um sentido de loucura controlada? Não. É bom, eu não sei dizer bem, mas é ótimo. Saber a hora, saber a hora. Quem disse isso?

quinta-feira, 31 de maio de 2007

El Tiempo

Escoriações memoráveis retornam ao passado
No meu corpo a marca do que é retocado
A velhice acontece só naquilo que padece
O corpo não é nosso, é de tudo o que evolui
Na criancice eu não cresci pra aprender
Reinei na magia sem saber de nada
Toquei duas mulheres na escada
Brinquei com suas cordas e acordes óbvios
Assobiei em suas orelhas, qual me interessava mais?
E eu desabafava comidas mãos no recreio
Engolia meus salgadinhos de camarão ou de queijo
Em quinze minutos era o sinal tocar
E o batalhão todo sumia em menos de três

Tinha também a semana das batalhas
Eu, guerreiro, criava forças imaginárias
Era uma arena, clima tenso. Eu atento.
Meu saque era o chute no ataque, gol
Mais uma virada de quadra, vantagem
Pensar na gente vivendo o tempo ao contrário
Como se amanhã fosse ontem, e depois de amanhã anteontem...
E assim sucessivamente até a morte
Ou seria até o nascimento?
Tempo, tempo, tempo, tempo, tempo..
Assim fala a voz que deve saber calar
AMiss alaf euqzova eved breas lraca
Es-amahc otnem asnep

quarta-feira, 30 de maio de 2007

é uma palavra que agora há pouco não me saia da cabeça. Eutanásia? Claro que não. Ri.
Estapafúrdia, eu acho, sim, agora escrevo corrente como se tivesse acertado e acertei, de fato. Fato que choveu pra caralho e finalmente senti um frio muito frio aqui no Rio. Claro que eu estava de bermuda, e camiseta de malha de algodão de mangas curtas. Oquei, não importa. Aqui é a terapia, não se esqueçam. Não me esqueço. Silêncio. É assim lá dentro, bem sinceramente, silencioso. Não preciso ficar a noite intera tentando tirar coelhos de cartolas, muito menos coisa alguma parecida ou o contrário. Que votem. Se são...vejamos...um! Um vota a favor de um. Alguém ganha? Sim. Enfim, vamos nos tornando humano de novo por que o tempo já vem cutucar com ferrinhos pontiagudos que enchem o saco de qualquer um. Então se lembra de que existem coisas horríveis que atrapalham nossos objetivos, mesmo que tenhamos, aparentemente tudo, não nos sentiremos satisfeitos, pois somos uns insatisfeitos mesmo, se deus quiser. E ele há de querer, como dizem alguns desesperados.

Obs: Estapafúrdia talvez fosse algum elo entre uma coisa e outra e no meio desse torpor usual, me perdi numa longa estrada, de preferência noite e manhã adentro, pois eu mereço, God i do! "Por que não? Por que não? Caminhando contra o vento..."
Uma canção não me consola, consola de que, infeliz? Risos e risos, há uma alegria enorme em ser eu. E sai.
Olha! Correm atrás das borboletas.
Veja só! Os macacos pendurados nas árvores.
E daí?
Eu não vou dar comida para os animais.
Eu sou animal.

domingo, 27 de maio de 2007

sábado, 26 de maio de 2007

Multo, tumulto. Escuridão, só.
Um fogo amarelado, laranja e vermelho queima.
Os rostos contorcidos, desconexos com a realidade comum.
Quase nada de vida que resta, fora de sala.
E um agudo interrompe aquela coisa pastosa, quase dormindo.
No sono me regulo e devo agradecer e, quem sabe, rever os conceitos de mim.
Permito-me ir enquanto não quero. Sei.
Vou e não sei porque aquela palavra ecoa na cabeça:
Amanda, Amanda, Amanda...
E tinha aquela coisa do cabelo, e realmente, não sei. Podem rir.
E vou passeando, e passeando penso que poderia estar viajando.
Em um único quadrinho alternativo do Rio.

quarta-feira, 23 de maio de 2007

Sonho do Sonho

Sonho do Sonho


Sim, eu troco o dia pela noite
Ou troco a noite pelo dia
Os dois são iguais, ilimitáveis
Acende e a apaga a luz do giro

Dormir me faz sentir bem
Mesmo dormindo estou alerta
Eu sonho o que sentir vontade
E sinto que isso me liberta

Fluindo eu no cotidiano
Pensando, falando
Sentindo tocar o mundo delicadamente
Apenas o suficiente para transitar pelos enganos

Para conhecer o homem que sou
É necessário não o ser
E para conseguir não ser
É preciso dizer não ao ser que sou

Me veja dormindo em um sonho
Levante da cama e ande
Venha até mim e me toque

Olhe para si
Em outro estado de consciência
Não, não é sonolência

Eu sou o seu eu em outro lugar
Para ser completo é preciso sonhar
Ter de acreditar, e acreditar

terça-feira, 22 de maio de 2007

Chapéu e Bambu


Ei, quero o chapéu desse cara. É um chapéu muito bonito, muito vistoso.
Não, menino, esse cara é meu e o chapéu vem junto com o pacote todo.
Toma uma rasteira, moço bobo, vê se tu não tá pro meu jogo.
Deixa esse moleque aí com esse chapéu de palha pálida e desengonçada.
E vê o chapéu, e sente que alguma coisa mudou. Será um chapéu?
Ele não sabe o que é, mas finalmente coloca o objeto na cabeça e sua vida muda,
Como em uma música, ele dança e se mexe como o chapéu faria, se fosse um desenho animado. Até a hora em que ele toma conta de minha cabeça, ou quase isso, porque chega ela e com seu bambu, me ataca.
Ela pega o bambu e dança como com um homem, ou alguma coisa roliça, em forma redonda, brinca como fazem os guerreiros, a natureza que automaticamente alcança sua íntima certeza. O instinto. Ela precisa brincar com o instinto, a natureza, a selva, a floresta, os bichos, o besouro, e o chinês talvez. Chapéu de malandro, canos e canos, planos de roubar a mocidade da menina, que foi pra China. Talvez um pouco de Cuba, mas não é preciso que seja mais que alguns segundos.
Somos felizes por pouco tempo, talvez. Somos felizes, apesar de tudo.
E fica um vazio entre toda essa dança e o guarda-chuva.
Ele é preto e está por ali sem querer nada. Fora de contexto. Ele me traz ao contexto.
De repente, perco minha ação, vejo que ela também perdeu. A única coisa que me resta fazer é girar o guarda-chuva. De cabeça para baixo, girar o guarda-chuva.
O guarda-chuva de cabeça para baixo.

terça-feira, 15 de maio de 2007

Eu vi um cadáver estendido. Camisa branca bordada, um boné sobre o rosto, calça jeans azul e tênis. Seu corpo duro, a pele pálida, e havia caindo próximo à sarjeta, a poça enorme de sangue.Era quase negro, viscoso e vermelho de um inferno próximo de quarenta graus celsius. Ele andava de moto. A moto havia sido levantada, e piscava seu alerta. A polícia mantinha as pessoas afastadas, os curiosos, os vampiros, os fotógrafos de jornal, os amadores.

A morte é trágica de qualquer maneira. Morrer de velhice não deve ser assim tão vantajoso, em alguns momentos. Sofre-se muito durante a velhice, dores, perda dos movimentos, frouxidão no corpo, imagina...espero não ficar velho tão cedo. Há os que dizem que é bom estar mais velho, maduro. Quero ser um desses também, pois não vou me encontrar remoendo as dores além do físico, e talvez levando a um misticismo bonito e sincero de quem se sente bem com pequenos gestos.

E a vida é isso. Prazer. Enquanto se vive, é preciso ter prazer. Seja o prazer do sexo, do droga, da música, do vazio de idéias, da futilidade, o prazer da morte. E o sol queima mesmo, não tem dó. O corpo é vazio, e os bichos comem, gira a roda. Os bichos somos nós, os tarados sem rumo, traçados na vida de solas gastas. Os muros dizem que está chegando a hora de ir para casa. Eu escuto, sigo o conselho. Ela é companheira, não adianta. Melhor ser o amigo. Ela nos segue sempre. Espreita.

terça-feira, 24 de abril de 2007

O que será importante?

O serviço de internet funcionava até 20:30h. Quando o abordei, pedindo para usar o serviço, eram 20:24. Ele disse que não, não podia mais usar, que o horário já tinha passado. Eu disse que seria rápido, queria apenas ver um e-mail. Ele disse que não. Só fui ver que funcionava até 20:30h quando cheguei em casa e vi a informação num folheto explicativo sobre o funcionamento da biblioteca. Sorte.

Azar?

Existe a disponibilidade do ator/atriz, de forma absoluta? O ator/atriz pode estar mais ou menos presente em uma situação de trabalho, ou de estudo, pesquisa? Este profissional deve estar disponível para qualquer coisa que seja proposta, para ser considerado bom? Deve ser simpático ao humano? Sentir a emoção? Falar a razão?

O filme O Ilusionista foi uma experiência diferente, em matéria de filmes. Muita expetativa é uma merda. Fiquei vendo o filme, e quando pensei que fosse começar, acabou. De fato, o título foi bem apropriado. Me iludiu do início ao fim. Uma pena ter caído no clichê da historinha de amor.

Claro que tudo aqui não passa de letras, e talvez nem sejam. O absurdo seria então, o simples da vida. Assim que se começa a racionalizar tudo. Cala a boca, Jô!

No século XVII, com a reforma protestante, houve muitas mortes de bebês recém nascidos porque era extremamente reprimida a fornicação com alguém que não fosse o parceiro de casamento. Os bebês eram renegados, e às vezes abandonados. Terrível?

Justo?

sexta-feira, 20 de abril de 2007


Abrem-se perspectivas. Futuras não convincentes a quem admira.
O balão sobe e vai voando, e subindo, e...vai caindo, caindo....e segue zonzo de encontro ao chão, talvez uma árvore, um fio de eletricidade, alguma coisa qualquer, enfim. Estou um pouco cansado desse pudor de merda das pessoas. Isso contamina. Não escrevo isso como uma graça, ou uma vitrine, isto é uma sessão de terapia. Aos passos errados, e tortos, o balão, agora joga com o vento. E brinca como se existisse outra vida.
Explodam suas cabeças, porcos. Digo porcos no sentido mais humano do bicho. Entendo que, socialmente, não me podem levar muito a sério. É melhor, eu acho. Antes que isso termine em “em acho.”, levanto a questão da minha crescente obsessão, dos últimos tempos. Um dia eu conto.

quinta-feira, 19 de abril de 2007

Aqui enterro e depois piso nos meus próprios pés para saber que não há nada a dizer sobre isso, então. Cale-se, Tróia, já que uma vez não bastou para reconhecer-te no espelho de água que se formou na sarjeta daquela rua escura e, no final, torta. Ricota dentro de um sanduíche é algo que faz pensar. Sabor de guaraná de refrigerante, aquele parecido com a fruta vermelha, esmalte laranja. E só assim, alto, do alto, ou como quiseram chamar, só assim...faço disso uma coisa concreta sem me preocupar com ligações e sinais de linguagem corporal, facial, musical, teatral, contemporânea. Nada disso. Continua o chato, pois se ele pára, o mundo continua e ninguém segura o mundo. Ele é grande. Mundo é grande porra nenhuma. Pensa em tudo. Tudo!
Pensa nada. Nada e não pensa, faz e não pensa, não pára, se pára, não começa. Parado, sem o menor comprometimento em me mover, e nem poderia, já que agora sou fraco dentro deste buraco. Existe um lugar na terra, ainda se pode ver o brilho, as fibras. Portas estão abertas. Quem sabe entra, quem não sabe...
Existe um prazo? Mas é claro. Existe um prazo. Obrigado, sorte. Limpar suco de caju na prateleira do teclado...não quero nem imaginar. Vou dormir. Talvez sonhar.

quinta-feira, 12 de abril de 2007

a faca da maçã

Acordava. Preocupava-se.
Não! Antes ele se remexia todo para ter certeza.
Estava acordado no mundo da razão.
Sabia que era dia, mas estava escuro.
Olhou para as janelas e achou estranho. Cortinas fechadas.
Abriu. Estava mesmo escuro o dia.
Chovia.

Era um tempo em que ele não dormia mais, tamanha agitação,
tamanha a dimensão da doença que o consumia.
Precisava comer, pois o ácido também queimava seu estômago.
Uma maçã. Era o que restava.
Pegou uma faca. Cortava pedaços e os dirigia à boca.
Seu propósito era não fazer nada. Leu.
Terminou o livro que lia, e ainda releu trechos de outros que ainda o serviam.

- Música! Música! Alguma coisa que eu não sei o que é na esquina.
Não sei o que me espera.

Pensava muito e, em consequência disso, não conseguiu escutar.
Escrevia. Escrevia muito. Escrevia sem parar.
Estava completamente tomado por uma força inabalável.
Um princípio histérico de movimentar-se para atacar.
A música colidiu com seu corpo. Entrou.
Cortou a mão. A faca era cega.
A faca da maça.
Se preocupava antes de tudo, com nada além de dormir.
Seu propósito era não fazer nada.

terça-feira, 10 de abril de 2007

Ia escrever aqui um diálogo, mas seguindo dicas de colegas, resolvi escrever no word para depois passar para cá. Resultado: Acabei escrevendo algo muito maior do que previa, e o diálogo está se transformando em um texto teatral. Estão vendo como se desencadeia o meu problema com blogs? No word eu escrevo o mundo virado, chego aqui e não consigo soltar nada que me comova. Talvez essa moldura tão bonitinha, esses botõezinhos tão fáceis de apertar, essa moleza toda de escrever, publicar, qualquer um entrar e ver... Às vezes penso que seria mais fácil (para mim e para quem lê) publicar todos os meus livros de poemas, ou então fazer uma compilação, dando uma pincelada a grosso modo, de uma maneira geral, fazendo um resumão e entregando numa capinha sóbria e arrumadinha, para que meus colegas críticos possam se deleitar. Enfim, mais um dia sem texto novo.
"
ASTROV - É um bárbaro insensato aquele que queima na estufa essa beleza, destrói aquilo que somos incapazes de criar. O homem foi dotado de juízo e força criadora para que multiplicasse aquilo que lhe foi entregue, mas até agora nada criou, apenas destruiu. A cada dia as florestas minguam mais e mais, os rios se esgotam, a vida selvagem se extingue, o clima fica mais adverso e a terra cada vez mais se torna pobre e feia. (A Voinitskii.) Seu olhar é irônico e acha que eu estou falando besteiras... Talve haja, de fato, algo de excêntrico nisso tudo, mas quando passo pelos bosques dos camponeses que salvei da destruição, ou quando ouço o sussurrar do bosque jovem que plantei com as próprias mãos, então sei que o clima depende um pouco de mim também, e se dentro de mil anos o homem for feliz, então eu também contribuí com uma pequena parcela para isso. Quando planto uma muda de bétala e mais tarde a vejo verdejante, agitando-se ao vento, minha alma se enche de orgulho e eu...(Percebe o criado, que lhe traz um copinho de vodca numa bandeja.) Mas... (Bebe.) Tenho de ir. Afinal de contas, tudo isso não passa de uma excentricidade. Meus respeitos! (Parte em direção à casa.)

SONIA - (toma-o pelo braço e acompanha-o) Quando vamos voltar a vê-lo?

ASTROV - Não sei...
"

Tchekhov - 1897

domingo, 8 de abril de 2007

Boa Páscoa a todos que acreditam na Páscoa!

Eu participo. Aceito ovos de chocolate, barras de chocolate, bacalhau e outras iguarias típicas do cardápio pascoal.

Família, já mi vô.
Porra, que dilema! Não sei se vou ler ou se vou jogar video-game.
Enquanto isso converso pela internet. Eu sou um nerd.
Não sei se como uma pizza ou um bolo de chocolate.
Posso comer quantidades menores de cada um. Eu sou um nerd;
Não sei se jogo 007 ou se jogo FIFA.

-----------------------

Que horas são? Uma simples pergunta. Alguém se aproxima para destruir seu melhor amigo. Como é aqui na sociedade? Ele tinha 22 anos. Deixou uma vida para trás e enfrentou o juiz. O rei do discurso. Brincadeira de criança. Um discurso de silêncio.

sábado, 7 de abril de 2007


Anoitecer no Rio de Janeiro
Se venho, não sei o que fazer e fico com aquele jeito de tempo perdido.
Existem fases, claro. Eis uma em que não me afago ao remendo formado por idéias descritas. Venho então para passear, e dar um alô daqui de cima, aonde estou. Tenho meus estudos, minha busca pessoal. Estou buscando algo por aqui. E te dou um aceno visto de longe, como quem vai e não se sabe se volta algum dia. Talvez não. Essa é a verdade. Talvez não. Sem olhares mundando pelo afora que agora já não importa para nós. O laço foi formado, e eu olho para as partes de você e imediatamente me vejo fazendo parte e sentindo com meus sentidos vivos. Já não sei o seu beijo, mas faço bem devagar, chegando perto aos poucos e sendo puxado pelo mero acaso de não haver lugar para a incerteza. Quero te tocar.
E vou sentindo o vento, o sol, o calor e o suor que me corre bastante pra chegar e ver que vale a pena chegar. Eu sinto que alguma coisa vai mudar. Entro no mundo que só pertence a mim, e depois a quem eu me conectar. Entre o aqui, nas quatro paredes, entre outros desenhos na pele, ou o soltar de máscaras num baile doido. Meu banho é a redenção do meu ser que dança. A última dança.

sexta-feira, 6 de abril de 2007

Acordou bem tarde e resolvou passear para ver como estaria a rua, a praia, enfim...as pessoas, nesta sexta-feira santa. Como de costume, pegou sua velha e surrada bibicleta e rumou em direção noroeste. No caminho percebeu que o sol já tinha se recolhido. Era quase noite. Pessoas alegres e carrancudas andavam, outros pedalavam, outros patinavam. Todos tinham seus rumos. Passou por um quiosque onde uma banda tocava músicas de paz, como os próprios músicos denominaram e o som era bom, apesar do apelo do politicamente correto. Porque não dizer, do apelo quase culpo-religioso. Afinal, era Páscoa! E as andantes desfilavam suas carnes queimadas após a exposição insistente ao sol. Como eram lindas. Não conseguia se localizar naquele bairro, tão próxima de sua casa, aonde as pessoas transitavam zumbis e com o sorriso arrastando a mandíbula. Ali todas as pessoas eram lindas, e o sol ainda brilhava atrás da montanha que exibia seus seios em contraste com o céu. E ele roçava nela.
Na volta, passou pela igreja e achou tão romântico aquele movimento santo. Ficou com vontade de entrar na igreja, nem que fosse para olhar as pessoas, ver a decoração, a iluminação, o espírito de Páscoa em uma igreja católica. Afinal de contas, tinha ele sido batizado na igreja católica, quando pequeno e por isso, se sentiu à vontade para entrar, salvo um pequeno detalhe. Ele estava sem camisa. Não vestia uma blusa e achou que poderia ser reprimido de alguma forma pelos irmãos, pois aonde já se viu alguém entrar na igreja sem camisa. É preciso o mínimo de respeito, afinal uma camisa é um artigo de total santidade. Pensou em Jesus. Pensou que Jesus andava sem camisa. Talvez fosse muito quente em sua terra, e por isso não existia a preocupação com o tórax(sexualmente) exposto. Sempre reparou nas vestes simples e minimalistas daquele homem santo. Pensou que com sandálias e com o peito aberto, poderia entrar numa igreja, sim. Então outro pensamento tomou conta e ele se perguntou se era ali na igreja que a Páscoa era realizada. Jesus não fundou igrejas, muito menos regras de conduta. Seguiu de volta para sua casa, aonde andava nu e poderia até ser confundido com Jesus, por algum louco que veja a barba e um corpo de homem nu. Sorriu e esperou pelo domingo com a certeza de que aquele homem estava de volta entre os homens.

terça-feira, 3 de abril de 2007

Só pra deixar registrado que alguns textos aqui escritos estão devidamente protegidos pela lei do direito autoral, assim como fotos ou música, vídeos ou qualquer propriedade intelectual.
Ontem eu fui na Letras e Expressões
De vagabundo, passatempo barato
Não tinha planejado, eu e a bicicletas fomos guiados
Parei, pensei que precisava ir ao banheiro
E entrei no Sindicato do Chopp pra mijar
De lá andei sem rumo, indo, voltando...
Sempre indo até entrar na famosa livraria de Ipanema
Depois de fuxicar o térreo, subi para o andar de cima
Não tinha nada do Castañeda,
Então corri os olhos nas páginas de um cara que falava no infinito
Enquanto isso, os funcionários da livraria-coffee shop-cd-tabacaria store
Tentavam nervosos resolver o problema no programa de busca de livros do computador
E o sistema da loja caiu, quebrou, entrou em pane e não deu cara de que ia voltar.
Acredite: nenhum funcionário conseguiu me informar se tinha livro do feiticeiro.
Sem o computador, eles não eram nada.
Também não funcionavam.

10/05/2005
Em contrário de versar, ei-me a reter sentimentos que abomino, e coisas destrutíveis sobre coisas que acontecem, eu que detesto ser interrompido. Eu que não gosto de ser interrompido, principalmente se estiver concentrado no que faço. Acho que me fui desintegrado por alguns segundos hoje com uma pergunta estranha, de alguém que me é tão estranho, e ao mesmo tempo, tão parecido comigo, quase uma continuação de mim. E o que foi aquela lua arreganhada e sem vergonha, mostrando-se toda pra quem quisesse ver...achei um belo espetáculo. Eu, o aproveitador. O comedor de criancinhas. O lobo mau da puta que o pariu. Às vezes me causa um sentimento ruim, mas não sou uma ameaça real. Posso ser mau. Quando me viro a lua esborra na cara de quem passa e ultrapassa o sinal, quase lá. Quase no inferno aquele pobre coitado que passava. Ele não estava ali. Simples assim.
"Prezado Rafael,
É um prazer para nós, de VEJA, presentear você com 6 edições grátis, que começaram e chegar em seu endereço em 03/03/07... e blá, blá, blá..*"
Quem quiser conversar sobre o que se passa na VEJA, é só falar.
Obrigado Alessandra!

*PAGUE O BOLETO ATÉ 23/03 E GARANTA ESTA OFERTA ESPECIAL.

segunda-feira, 2 de abril de 2007

Vendo o filme Buena Vista Social Club, sinto uma vontade inerente de visitar Cuba. Como se fosse urgente, alguma coisa genética, espiritual, não sei. A música que eles tocam também é coisa de se parar pra escutar. Muito bom.
O homem segue pedalando em sua bicicleta e bruscamente um pedestre atravessa a ciclovia sem olhar pra trás. Quase é atropelado, ou ferido. Quase causa um acidente. Isso acontece na mesma fração de segundo em que o mesmo homem, arrogante, olha para o ciclista com cara de quem está certo e o ciclista é uma perigosa ameaça aos transeuntes daquela tarde de domingo de sol mascado.
Ontem deve ter sido bom aquele show que eu não fui de um camarada que não tocou na minha banda. Gostaria de ter ido, mas estava me contorcendo no mar gelado gostoso de ipanema.
Pronto eu, a hora era tardia e ultrapassada. Sinto falta de um pote de sorvete de 2 litros da kibon, sabor diamante negro (edição especial). E claro que de outras coisas censuráveis. E outras tão idiotas...não invento nada.
Verdade é que eu tento, mas geralmente quando me deparo com este espaço, não consigo escrever. Então decidi que as atualizações poderão acontecer aleatoriamente. Decidido estava.
É apenas para mim mesmo que escrevo.

sábado, 31 de março de 2007


a platéia vê

Quando é platéia, vê tudo. Desnuda o ator e denuncia seu trabalho.

"Ou logo nos crescerão orelhas e rabos: com focinho trêmulo e olhinhos assustados, seremos ratos assustados disparando pelas ruas, entrando sorrateiramente nos edifícios e casas, espiando o mundo através de grades e olhos mágicos, organizando nossos lares como minishoppings dos quais só se sai por obrigação: com comida pré-pronta, diversão cibernética, amizades idem, e lá fora uma trágica paisagem de cruzes." - Lya Luft

Não sou especialmente fã da Lya Luft, mas hoje agradeço a ela.

quarta-feira, 28 de março de 2007

Peguei dois livros na biblioteca: Uma Estranha Realidade (de Castañeda) e Édipo Rei. Isso mesmo, Édipo Rei, de Sófocles. O último eu tenho que ler pra fazer um estudo na faculdade. Aliás, to incomodado de chegar suado todos os dias, de andar suando desse jeito. Como faz calor...
Dizia a musiquinha "Que calor. Ai, que calor. Quero ir pra casa pra me refrescar." Sim, na faculdade, também. Já não me proponho a escrever nada de interessante pra neguinho vir aqui e ler como se não tivesse nada mais interessante pra fazer naquele dado momento. Foda-se também, já não ligo. Podem todos ler meus escritos, sejam eles bons, ruins, maus ou péssimos. Ninguém, de fato, vai poder classificá-los dessa forma, uma vez que, ao subirem pela porta da frente do ônibus coletivo, vão cheirar todos o mesmo peido, o mesmo suvaco, e a mesma catinga de gente fedida. "Posso segurar sua bolsa?", diz a madame. "Não, obrigado. Pode segurar meu pau e calar a sua boca." Ela sorriu. Ninguém viu. Estão vendo? Ninguém vê nada hoje em dia. Passa por cima de nossas cabeças geladeiras voadoras, e nos dizem tanto...Ninguém vê. Ninguém escuta. Talvez seja a hora de uma bela macarronada!
Obs.: Acabei de cometer um erro de português (Presumo que isso irá acontecer com alguma frequência por aqui) : "Passa por cima de nossas cabeças geladeiras voadoras..." Alguém viu? O verificador do site não viu. Diria que o correto seria: "Passam".
Boa noite.

terça-feira, 27 de março de 2007

Primeiro escrito.

Estou inaugurando um blog. Não sei quanto tempo vai durar, mas pelo menos a iniciativa já é válida. Escuto a tevê, está passando "O Beijo no Asfalto"(de Nelson Rodrigues), pela segunda vez em um ano, na Globo, pelo menos. Quanta vírgula. Parece aqueles cantores de repente de voz esganiçada. Vou desligar o aparelho e talvez colocar um Coltrane, ou uma xerox do livro "O Tio Vânia"(de Tchekhov) dentro da mochila. Estou começando a sentir o peso do corpo e tudo tende ao movimento de ir pra cama dormir as minhas talvez 6 horas de sono. Hoje vejo uma desunião geral entre as pessoas. É bom olhar nos olhos, sentir que existe vida ao nosso redor. Sempre.