domingo, 22 de março de 2009

4 minutos:

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Carente, passeio nu pela cidade.
Que cidade? Rio de Janeiro.
Alguém notou um homem invisível em sua xícara de café cuspida?

Madeixas loiras e muito gordas, gorduras quase imperceptíveis.
Gole de whisky num lamento profundo de ciência musical.
Contorno esta arte e bato no muro. Morte.

Morto, vagueio entre cá e lá.
Não reconheço o primeiro, o segundo, lá menor.
Enorme. Por menor que seja.

Edifícios fáceis penduram suas roupas mofadas.
E pinga uma gota a cada 14 segundos, não do ar condicionado.
A chuva aparece da janela, não cai ainda.

Venham todos! Celebração do novo morto.
Convites e mais convites em mãos dadas.
Nunca largam, nunca mais pessoas irão me visitar.

Pessoas? Quais?
Há organismo dotado de tal nome?
Verdade é que em minha vaidade, escrevo para você.

Para olhos cegos, egos.
Para cartas mal escritas, rifas.
Passo longe do bom sorriso maligno.

Se te serve uma noite, faça bom proveito, menina.
Não digo menina pelo sexo, mas pelo costume da comunicação.
Comunicação. Há?

Venham todos! Celebração do novo rosto.
Venham conhecer um novo ser em mesmo corpo.
Epílogo frouxo.


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2 comentários:

Najua R. Castro disse...

momento num café

porque perdemos dentes enquanto vivos,e mortos não?

beija-flor

Rafael disse...

porque mortos não têm nada a perder.