quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Aleatoriamente.

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Hoje cai a minha vida.

Cai do céu branco ofuscado então cinza.

Despeço-me de todas as lembranças e feridas

Como se nunca tivesse tido-a como amiga, a vida.


Amanhã é palavra e tudo vem.

Deslizamento de tarefas e compromissos.

Como uma enorme ameaça de chuva, temporal

Azul e nuvens sufocantes. Nada disso.


Todos os dias começam como o primeiro.

Já acordei tarde e vejo o que já foi feito, já que

Não participei do início de tudo. Não sei onde me perdi.

Sonhos, não mais. Eu sabia de tudo que estava lá.


Se procuro o céu, o que vejo são quinas.

De prédios. De construções quadradas feitas por guindastes

E marretas em mãos lascadas. Não é brincadeira.

Até lá, preciso ultrapassar duas grades.


Tudo escuro, triste o bastante para pôr fim a tudo.

Nesta alegria fina, encontro meu repouso, o meu destino.

Desatino máximo.

É não saber que não sabe e não suspeitar disso.


Pressentir o que virá.

O vento que acaricia a minha barba

Também me sacode o tronco, em rompantes

Aleatórios, entre ventos e brisas.


Pode ser que neste augúrio, sinta.

O tal universo movendo as forças comigo

Trazendo o mundo comigo e todas as outras

Coisas que eu preciso. Não são tantas.


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sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

repartido

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Fomos amigos
Talvez nem tanto
Mas quem explicaria
Uma lógica dessas

Uma galera à noite
Em Copacabana
Num bando de doze
De dez, e de seis

Bebemos cerveja
Fizemos fumaça
E poesia coletiva
Na mesa molhada

Aniversário
De uma menina
Nove do nove do nove
De esquina em esquina

E sentimos o amor
Flutua na carne
De um salgado
É tão doce

Beijar fugitivo
De pouca viagem
Ficamos ali e aqui
Longe e separados

E no chegar da manhã
Nós
Os seis
Assistimos ao vômito

E compramos queijo
E coca cola
Para comer e beber
Queijo e coca cola

E ainda que o dia
Consigo voltar para mim
E mesmo que digam
Oi, sou o grande tal

Não posso acreditar
É modo de falar
Pois neste instante
Meu sono é

11/09/2009

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quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

aquela defesa da música

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Dai diz:
uma poesia é arrebatadora

Rafael diz:
é a sua tara, né?
já disse, não vai encontrar aqui nenhum virtuoso.
uma poesia você tem que ler!
você tem que pegar num livro
ou olhar pra uma tela.
virar o pescoço!
se concentrar e prestar atenção.
a música te bate!
ela te estupra.
você não tem que fazer nada.
não há defesas.

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terça-feira, 5 de janeiro de 2010

da série: "da série": dois mil e dez, o futuro é aqui

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Ser por ser, estar aqui presente neste ano de dois mil e dez é incrível!
Faz muito tempo, agora, que muitas coisas aconteceram... E é preciso usar
pequeno vocabulário simples, ou até chulo, para demonstrar de uma forma mista
e talvez fria, o meu contentamento e minhas lembranças que não necessariamente relatarei.
Rei do rock, Elvis? Kundera? Além de imaginação. A cara do feto...os olhos pretos do feto.
Montagem. Colagem. Pra que servem? Onde vão? Onde está a cara do mundo velho, que agoniza, segundo notícias de todas as partes. As terras vão caindo e, meu deus, pra onde mais elas poderiam ir? Para cima? Eu não vejo televisão, mas ela me vê. E quando me vejo nela, acho que sou preto. Vejo vultos, o reflexo no vidro. Sigo andando, sim e...quando chego mais na frente,
penso se sempre andamos para frente, por mais que andemos para trás ou para os lados. Estamos sempre seguindo em frente. Ô caminhoneiro, essa vai pra você que me escuta nesta noite noturna, fria, de dezembro... Nesta noite mágica.


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