quinta-feira, 4 de agosto de 2011

A Cara do Instinto


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Que vento forte!
Ouço o som que faz o ar em movimento
Entrar pela fresta que duas janelas corrediças
Fazem ao se sacarem inteiras.

E quando silencia, um ou outro assovio
Grave em meus ouvidos enquanto toca magia
Pela fresta do silêncio robusto.
Aparentemente, um blues.

Aparentemente não é uma boa palavra
Para resolver isso, já que este lugar não é aparente.
Dele não há o que falar.
Instintivamente, sinto-o.

E até isso é apenas forma de me comunicar.
Não existe, de fato, a coisa em si, no que escrevo.
Mas se não escrevo, não sou lido,
Não alcanço seus ouvidos, seus olhos, sentidos.

Todos querem saber sobre o que penso.
Todos querem ler o que escrevo, é natural.
Assim como comer um alimento, nadar em uma praia,
E não comer uma praia, nadando em alimento.

E o vento permeia a periferia do bairro
Me deixando em êxtase com o som do nada.
Nem teclas de computador, nem a falta da música.
O vento é o movimento de levar.

(E vou, ao sexo da música,
Ao paladar da fruta e da ação,
Como uma caneta eu tivesse na mão,
A tinta me faltaria uma hora dessas,
Mesmo com tantas e tantas apenas promessas.)

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