domingo, 19 de abril de 2009

Vão.

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Há pessoas que, por alguma razão, não amam.
Como é possível tal catástrofe?
Pessoas que podem andar, olhar, cheirar, ouvir.
Que podem receber um salário que
lhes permita ir e vir.

Pessoas que são tão bem cuidadas e nem sabem.
São escolhidas.
Mas elas não vão.
Por alguma razão, elas não vão.
Elas não se atiram, não se estranham.
Falta coragem. Falta amor.

Há pessoas que não veem pessoas.
Elas veem espectros de comportamentos.
Veem partido político, gênero filosófico.
Opção alimentícia, ambição financeira.
Elas não veem o amor. Elas não vão.

Elas - vão - Elas.

A algumas, falta o impulso caminhante.
Falta uma hemorragia dominante,
um mover-se no escuro.
Corrida na areia.
Algumas pessoas são escolhidas
simplesmente para serem amadas.
Não para amar.

E o amor, livro velho, fica seco.
E o velho, para lê-lo, lambe o dedo
para que possa virar as páginas a seu tempo.


(A mim, só me falta dinheiro.)

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