segunda-feira, 20 de setembro de 2010

De uma maneira, sinto que está ocupada. Ocupada com sua vida. A sua vida sem graça, sem muita diferença das outras vidas que a cercam. Mas claro, viva! Vá fazer as coisas comuns, é divertido. Vá curtir, pois somente quando se é jovem isto é possível. E quando se envelhece, ah… como saber? Estou cansado. É preciso uma regeneração. Uma reforma total aqui dentro. E isso vai acontecer, está acontecendo, vamos ver no que dá. A música permanece tocando para que eu sinta. Os três toques abafados e gritantes de Coltrane, que me batem da esquerda e eu sinto o flanar. Me invadem as notas, as pernoites, noites de meia luz e saudades. E há saudade no paraíso. Ao som de jazz, ao som de silêncio. O silêncio da menina me afoga na superfície de um centímetro. O esquerda acima na realidade era direita, mal que penso e recoloco as coisas no lugar, vem um furacão infanto e me traz ao centro de um abismo. Parado. Suspenso. Antes que algo aconteça, algo acontecerá. É como todas as noites na cidade do paraíso. Até controla-se a temperatura. Somente a do ar. A do ar condicionado. Condição. Com razão penso melhor esquecer. Impossível, baby. Temos tudo escrito. Está feito.

As ondas que nunca chegam, gramado de férias e repouso de bênção, merecem todo o meu proveito, este tempo maravilhoso em que vivo. Este mundo espetacular, coisa grandiosa que encanta e assusta. Mistério desprovido de sentido e todas as coisas assimiladas, em todos os sentidos. Bebo sorvete, ao invés de abrir um vinho vermelho de lágrimas de amor, coração quebrado. Torto. Solto pelas bordas do corpo e balançando a cada mexida. O órgão, o piano, os dedos, o som, ah. Há coisas que só o corpo entende. E o próprio entendimento disso se relaciona não conosco. Ar que move o tempo todo.

Estender o braço ao infinito, tocar sua brisa, seu cheiro de novidade e suspiro. Cada gesto, toque, estar perto, estar dentro, estar e ser. Viver o que se deve. Dever viver o que se quer viver, e afeiçoar o todo. Sentir sua respiração sentir a minha. Minha respiraçao sentir na sua. Fecha os olhos, sente. Eu faço isso e quando acontece, sinto que há tudo. Sinto que posso escolher. E o amor é a escolha favorita. Depois o sono, permitir o sono, permitir o confronto. Não saber o fim.