domingo, 4 de janeiro de 2009

pastel

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que o vento na tarde de sol manso empurrava gentil o resto de dia que ainda existia
que o sol em marte seja manso assim enquanto de resto não importa pois não conheço
que aqueles carrinhos espaciais sejam importantes pois os que conheço não são
quem eu conheço não vale muito uma entrega de vida total e impensadamente numa hora fria
quando eu entregava pizza nos fins de tarde eu escutava no rádio o drew garabo
onde eu trabalhava cinético ofício ar condicionado comida à vontade no meu carro
como todas as noites depois do trabalho já estava à vontade em casa banho tomado


exercício de ficar ali sentado janela ao lado esquerdo soprando o vento sinistro
e vem,idéia, e vem, idéia, e nada e ao mesmo tempo assobiava uma estranha melodia
que dizia chuva sacode a cidade chuva cobre o deserto chuva a arca não está pronta
mas era apenas um deserto amarelo posto que poderia servir de banho para os turistas
só o assobio e de repente um ronco de motor de máquina um carro desembestado
eu não sabia muito de mecânica mas estava ali um desafio eu poderia simplesmente ignorar
logo logo ele parou fiquei mais tranquilo e naquele parque do dragão alguém encontrou vida

e o amarelo não sai da minha cabeça nem sai do final da praia quieta e os pescadores
os barcos desbotados de água e tempo e os peixes muitos mortos esparramados no chão
folgados daqui a pouco toca o sino e aparecem alguns doces para acalmar o instinto aguerrido
a vontade de violência o desejo intrínseco e não mais úmido que os sinos de cidades litorâneas
que os fungos não propaguem seus reinos para baixo e as garças não busquem comida no prato
dos desabrigados que observam o mundo seria muito se eles soubessem escrever poetas que são
da rua e dos acontecimentos retratariam com sabedoria a vida e discordo não teria interesse nisso

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