terça-feira, 22 de março de 2011

. O otario pega ônibus todo dia. Não atravessa a rua na faixa de pedestres, pois perde muito tempo andando até lá, quando já é seguro atravessar num pedaço qualquer de asfalto que não esteja vindo carro. Automóveis que descansam suas culpas sobre ombros humanos. Com seus óleos, gases, metano, polivalência química, alguém que me corrija. Otário é quem pega a fila gigante do metrô todo dia e, sem reclamar, espera mais dez minutos a chegada de um trem. Um bando de otário suava na plataforma enquanto um santo compartilhava aquele momento, cercado por aquela gente. Este santo escutava IPod com seus phones brancos, e nem percebia que o despiam da cabeça aos pés, com comentários sórdidos a respeito de seu estado. Estava suado. Molhado. A camisa ensopada de suor. Poderiam ser lágrimas. As mulheres estavam em silêncio, apenas olhando com ar de reprovação. O santo entrou no carro das mulheres. O único homem no carro das mulheres, e imagina as caras delas. Os otários seguiram nos outros vagões, apertados, espremidos, e ninguen tem nada com isso. O santo come carne. O otário, vegetariano. Áries vegetando. O santo vai ao inferno pagar visita, tem um bom relacionamento com todos e pendura a conta na saída. O otário paga. Esse é o início da história de um otário aleatório que criei a partir de um ponto de vista imperialista. Do tipo que vai ao mercado pelo menos duas vezes ao dia. Compra nescau e biscoito. O santo bebe vinho todos os dias. Às vezes bebe com seu amigo, o Vampiro. E a madrugada se estende sorrindo e embriaga até quem não sabe e fica vaga a idéia de quem apenas recebe a história, sem saber de nada. Se pergunta: "que ele quis dizer?" ou, "não entendi nada". Se identifica com isso? .

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