domingo, 12 de julho de 2009

eu vi a cara de shakespeare

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ele andava por aqueles corredores, passos lentos e tranquilos. sua cabeça estava quente, pensava em mil coisas, pensava numa só coisa, o tormento. e aquele pensamento não saia da cabeça dele. andava pela estrada de pedras, atravessava a estátua, via as possibilidades de cimento, as cordas nas árvores. não via nada, e essa era a única consciência. sabia do que acontecia, mas andava por aqueles corredores como se tivesse algo perdido por ali, por aqueles muros, imagens na parede da cabeça. coisas esquecidas, problemas não resolvidos. feridos. E era triste aquele vai e vem, subindo e descendo escadas de fantasmas. e depois os passos incertos, em direçao ao tumulto inevitável do amanhã sem mais. o Frank me dizia sempre que era medroso quando se tratava de falar com muheres a respeito de seus sentimentos. eu não dizia nada. pedia para que continuasse sem levar isto em consideração, uma hipótese. ele voltava, ficava até o último minuto ficou, para que pudesse saber: não. ela não vai ter tempo. o calendário e o relógio são os medidores do quê? pedir tempo é quase como um crime, uma ofensa. e se amanhã me irradia o abismo pra que eu pule e me vá num estalo? não temos isso que chamamos tempo. abstração. e via os anúncios. e pensava muito enquanto era para estar fodendo. achava que o mundo era uma bela porção de eternidade, beleza. como será um dia rejeitada, mais velha, a mulher que quando jovem rejeitou muitos homens. e assim nos damos conta de que tudo que se escreve, compõe, vê, cria, tudo o que se faz, é igual. constantemente nos imitando. A imitação da imitação da imitação e assim sucessivamente até o início de tudo. mas aí já é outro assunto.

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